O presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky, pediu ao primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, que mediasse as negociações entre Ucrânia e Rússia, de acordo com informações do NYTimes.
O pedido foi feito durante um telefonema entre os dois líderes nesta sexta-feira, segundo o embaixador ucraniano em Israel, Yevgen Korniychuk.
“Acreditamos que Israel é o único estado democrático do mundo que tem grandes relações com a Ucrânia e a Rússia”, declarou Korniychuk.
O escritório do primeiro-ministro israelense também confirmou que o telefonema ocorreu, mas se recusou a comentar sobre seu conteúdo.
Korniychuk disse ainda que Israel não concordou imediatamente com o pedido. “Eles não disseram não. Eles estão tentando descobrir onde estão neste jogo de xadrez”, ponderou.
A Ucrânia prefere negociar em Israel do que na Bielorrússia por considerar o país mais neutro. Israel tentou mediar o conflito entre a Ucrânia e a Rússia várias vezes nos últimos anos e deseja manter bons laços culturais e comerciais com ambos os países.
Diplomacia
Embora Israel tenha expressado apoio à Ucrânia nos últimos dias, seus altos funcionários evitaram críticas diretas à Rússia.
Yair Lapid, o ministro das Relações Exteriores de Israel, condenou a invasão da Rússia na quinta-feira, mas Bennett evitou qualquer menção à Rússia em uma declaração subsequente.
Autoridades israelenses dizem que o país precisa evitar antagonizar a Rússia por causa do importante papel no Oriente Médio, onde os militares russos têm uma presença significativa na Síria, vizinho do nordeste de Israel.
A Rússia e o Irã forneceram apoio militar crítico ao regime sírio de Bashar al-Assad durante a guerra civil de seu país, enquanto a Síria e o Irã são inimigos ferrenhos de Israel.
Para evitar atritos, Israel notifica a Rússia ao atacar alvos militares sírios e iranianos em solo sírio e trabalha para manter boas relações com a Rússia para continuar atacando a Síria com facilidade.
Em um sinal da sensibilidade com que Israel está tratando a situação, o governo israelense colocou a gestão dos assuntos ucranianos sob seu Conselho de Segurança Nacional, que se reporta diretamente ao primeiro-ministro em vez do Ministério das Relações Exteriores, disse a autoridade israelense.