NOVA BAHIA 2024

Ucrânia corre para restaurar energia após ataques russos causarem apagões

Ofensiva com mísseis na quarta-feira (23) fez com que quatro usinas nucleares tivessem de fechar temporariamente

Autoridades ucranianas se apressaram para restaurar a energia em todo o país nesta quinta-feira (24), um dia depois que a Rússia fez um novo ataque com mísseis contra a infraestrutura “crítica”, resultando no fechamento temporário da maioria de suas usinas de energia e deixando a “grande maioria” das pessoas sem eletricidade.

A empresa nacional de energia, a Ukrenergo, disse que o trabalho estava “demorando mais do que após os ataques anteriores”, porque o ataque de quarta-feira (23) teve como alvo instalações de geração de energia e causou um “incidente sistêmico”.

Na tarde desta quinta, a eletricidade havia sido restaurada em “todas as regiões”, mas as residências individuais ainda estavam sendo “gradualmente conectadas à rede”, informou Kyrylo Tymoshenko, funcionário do gabinete do presidente Volodymyr Zelensky pelo Telegram.

As Forças Armadas ucranianas afirmaram que 70 mísseis russos foram lançados na tarde de quarta-feira, sendo que 51 foram abatidos, juntamente com cinco drones de ataque.

A ação matou pelo menos 10 pessoas, incluindo uma adolescente, e “levou à desenergização temporária de todas as usinas nucleares e da maioria das usinas termelétricas e hidrelétricas”, pontuou o Ministério da Energia. Com grande parte do país sem energia, houve efeitos indiretos no aquecimento, abastecimento de água e no acesso à internet em algumas áreas.

Quarta-feira foi a primeira vez que as quatro usinas nucleares da Ucrânia foram fechadas simultaneamente em 40 anos, observou o chefe da empresa estatal de energia nuclear Energoatom em um comunicado.

Petro Kotin disse que era uma medida de precaução e que esperava que eles fossem reconectados na noite de quinta-feira. As três usinas em pleno funcionamento em mãos ucranianas ajudariam a fornecer eletricidade à rede nacional, acrescentou. A usina de Zaporizhzhia, ocupada pela Rússia, não opera desde setembro.

A Ucrânia é fortemente dependente da energia nuclear, de acordo com a Associação Nuclear Mundial. O país tem 15 reatores em quatro unidades que, antes da invasão em grande escala, em fevereiro, geravam cerca de metade de sua eletricidade.

A Rússia voltou sua atenção para a destruição da infraestrutura de energia na Ucrânia antes do rigoroso inverno, e sucessivas ondas de ataque deixaram grande parte do país enfrentando apagões contínuos.

Cirurgiões operam à luz de lanternas

O ataque de quarta-feira causou estragos em todo o país, deixando a capital Kiev, a cidade ocidental de Lviv e toda a região de Odesa no escuro.

As pessoas que se abrigaram da ofensiva aérea na capital deixaram bunkers e encontraram suas casas sem energia, lutando para achar um lugar para passar a noite com amigos ou familiares.

Uma em cada quatro residências na cidade ainda estava sem eletricidade na manhã de quinta-feira. Embora o abastecimento de água tenha sido restaurado para todos os distritos no meio da tarde, ainda não estava funcionando em plena capacidade, com prédios altos tendo baixa pressão de água, destacou o prefeito de Kiev, Vitali Klitschko.

Um vídeo da agência de notícias Reuters mostrou moradores da capital fazendo fila para coletar água de poços públicos sob chuva torrencial.

Os hospitais dependiam da energia de geradores ou mesmo de lanternas de cabeça usadas pelos funcionários, enquanto continuavam realizando operações.

Em um hospital de Kiev, os médicos estavam fazendo uma cirurgia cardíaca em uma criança quando a energia caiu. O Dr. Borys Todurov postou um vídeo no Instagram que mostrava cirurgiões trabalhando à luz de lanternas enquanto esperavam o gerador entrar em ação.

O diretor de um hospital na região central de Dnipropetrovsk, situada do outro lado do rio da usina nuclear Zaporizhzhia, disse que “dezenas de pacientes em estado crítico estavam em mesas de cirurgia no Hospital Mechnikova” quando o apagão aconteceu.

“Anestesiologistas e cirurgiões acenderam lanternas para salvar cada um deles”, escreveu o Dr. Sergii Ryzhenko no Facebook. Ele postou uma foto de dois médicos, que ele afirmou serem Yaroslav Medvedyk e Kseniya Denysova, operando um homem de 23 anos quando a eletricidade caiu – “pela primeira vez em 35 anos de prática de Yaroslav”.

União Europeia promete novas sanções

Zelensky solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da ONU após os ataques, que foram rapidamente condenados pelos aliados da Ucrânia.

A União Europeia anunciou que prepararia um nono pacote de sanções contra Moscou. A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse ser uma tentativa de “reduzir ainda mais sua capacidade russa” de dar continuidade à guerra.

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o ataque da Rússia exigia uma resposta. “A Ucrânia sofreu bombardeios maciços hoje, deixando grande parte do país sem água ou eletricidade. Ataques contra infraestruturas civis são crimes de guerra e não podem ficar impunes”, tuitou na noite de quarta-feira.

A Polônia disse na quarta-feira que o sistema de defesa antimísseis Patriot que a Alemanha ofereceu à Polônia deveria ir para a Ucrânia. “Depois de mais ataques de mísseis (da Rússia), recorri à (Alemanha) para que as baterias Patriot propostas (Polônia) fossem transferidas para (Ucrânia) e implantadas na fronteira ocidental”, disse o ministro da Defesa polonês, Mariusz Blaszczak, no Twitter. A oferta da Alemanha à Polônia veio depois que um míssil atingiu o território polonês perto da fronteira ucraniana em 15 de novembro, matando duas pessoas.

O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse na quinta-feira que a liderança da Ucrânia poderia acabar com o sofrimento atendendo às demandas da Rússia.

“O governo da Ucrânia tem todas as oportunidades de trazer a situação de volta ao normal, tem todas as oportunidades de resolver a situação de forma a cumprir os requisitos do lado russo e, consequentemente, interromper todo o sofrimento possível da população local”, disse. Peskov disse em uma ligação com repórteres.

Enquanto isso, o Ministério da Defesa da Ucrânia enviou um tweet na quinta-feira marcando nove meses desde a invasão da Rússia em 24 de fevereiro.

“Nove meses. A quantidade de tempo em que uma criança nasce. Em nove meses de sua invasão em grande escala, a Rússia matou e feriu centenas de nossas crianças, sequestrou milhares delas e transformou milhões de crianças em refugiados”, afirmou.

SIEL GUINCHOS

Veja também

GOVERNO DA BAHIA