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Presença do Exército em protestos nos EUA resultará em letalidade, alerta analista

Na noite desta segunda-feira (1º), ocorreu o sétimo dia de manifestações em mais de 40 cidades do país

As manifestações antirracistas reivindicam justiça e exigem que os agentes sejam acusados e julgados por assassinato de negros

São Paulo – O presidente Donald Trump ameaçou, nesta segunda-feira (1º), enviar as tropas do Exército para conter as manifestações antirracistas nos Estados Unidos. Para o consultor e analista internacional Amaury Chamorro, a presença dos militares resultará na morte de civis.

“É um risco. Colocar o Exército na rua é dar autorização para atirar contra o cidadão americano. Isso vai gerar uma reação e aumentar mais o volume de pessoas nas ruas”, afirmou Chamorro, nesta terça (2), em entrevista ao jornalista Glauco Faria, no Jornal Brasil Atual.

Na noite de ontem, ocorreu o sétimo dia de manifestações em mais de 40 cidades do país. Os protestos ocorrem uma semana após o assassinato do segurança negro George Floyd, morto em Minneapolis após um policial branco ajoelhar sobre seu pescoço durante abordagem.

As manifestações reivindicam justiça e exigem que os agentes sejam acusados e julgados por assassinato. O analista internacional acrescenta que pode se tratar do início da “decadência” dos Estados Unidos, já que um forte símbolo do país, a Casa Branca, esteve ameaçada por manifestantes, com Trump tendo que se retirar para um bunker. Mas Chamorro alerta para uma possível resposta.

“O presidente teve que se esconder de seu povo, em ano eleitoral. Em momentos de crise, os norte-americanos costumam criar guerras para reagrupar o povo, então ver Trump contra a parede é perigoso para o mundo”, acrescentou.

Povo nas ruas

Em entrevista à jornalista Lu Sodré, do Brasil de Fato, Ciara Taylor, cofundadora da organização Dreams Defenders, ressalta a importância da reação popular após o assassinato de Floyd. Segundo ela, o objetivo é um só: denunciar o racismo estrutural da sociedade americana, que se traduz em sua forma mais brutal pela violência policial. Acompanhe a reportagem e a análise de Amaury Chamorro.

“Não podemos continuar com essa cultura nos Estados Unidos, que coloca propriedade e lucro acima das pessoas. O que estou ouvindo ecoando de Minneapolis, Louisville, Brunswick, é que nossas vidas importam. Que temos direito de viver com dignidade, sem ter o medo de morrer subitamente enquanto andamos nas ruas. Isso é algo que posso dizer com certeza, alto e claro: as pessoas estão realmente cansadas desse sistema que exclui nossa humanidade”, afirmou.

Carolyn Backer, integrante da Poor People’s Campaing, destaca que a violência policial contra negros é fundante dos Estados Unidos. Entretanto, com a tecnologia, as mortes têm adquirido mais visibilidade.

“As chamas são a raiva do que as pessoas estão denunciando há anos e ninguém tem ouvido. Eles querem justiça. Os assassinatos têm acontecido durante muito tempo. O que estamos vendo é essa raiva explodindo”, disse.

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