Pentacampeão mundial de jiu-jitsu, campeão do ADCC – maior torneio de grappling do planeta – e invicto no MMA. Rodolfo Vieira trocou o tatame pelo octógono, onde fez sua estreia em fevereiro de 2017 e, apesar de pouco tempo, já foi contratado pelo UFC.
A especialidade no jiu-jitsu transparece em suas lutas: de 5, 4 terminaram com estrangulamento e apenas uma com nocaute. Neste sábado (11), Rodolfo estreia nos pesos-médios do UFC contra o polonês Oskar Piechota, que vem de derrota – a única da carreira.
E apesar de Rodolfo ter passado do primeiro round em apenas uma luta, ele revela um certo nervosismo ao entrar no octógono. “Eu fico um pouco nervoso, não consigo me soltar completamente, mas é questão de tempo. Vou pegando mais experiência e tentando ter uma performance cada vez melhor”, falou o peso-médio, que completou: “Acho que sou tão nervoso que consigo acabar rápido, sabe? Tem que acabar o mais rápido possível”.
Rodolfo vem de vitória. Em junho deste ano, enfrentou Vitaliy Nemchinov, no evento ACA 96 e venceu, tirando a invencibilidade do russo para, em seguida, ser contratado pelo UFC, que ele reconhece ter um nível ainda maior. “O UFC é diferente, mas estou ansioso demais, bem feliz muito empolgado com essa conquista”.
MMA X JIU-JITSU
Faixa preta da GFTeam e do professor Júlio César Pereira, Rodolfo começou no jiu-jitsu aos 13 anos de idade. Atualmente com 29, ele optou por mudar o foco para o MMA e anunciou aposentadoria da ‘arte suave’.
“Eu escutei muita gente dizer que eu era doido, até minha própria família mesmo, pelo fato de eu estar bem no jiu-jitsu”, relembrou. “Mesmo eu tendo perdido todas as finais para o Buchecha, na minha categoria eu fiquei quatro anos invicto ou mais, ganhando todos os eventos que eu lutava no meu peso e chegando bem no absoluto, fazendo um bom dinheiro, seminários…”, disse Rodolfo ao ESPN.com.br.
“Chegou um momento em que eu não estava mais feliz”, confessou. Ele também disse que já tinha a vontade de migrar para o MMA. Portanto, não foi algo decidido de uma hora para a outra e a mudança aconteceu quando ele sentiu ser o momento certo. Em 2015, após ter vencido o ADCC, único título que ainda não tinha como faixa preta, ele recebeu uma proposta de lutar no Japão e topou.
“Achei que era o momento certo e fui. Mas foi uma decisão muito difícil, foi algo que pensei durante muito tempo. Tentei ganhar o máximo de dinheiro que pude no jiu-jitsu e quando consegui chegar no objetivo que eu queria, fui para o próximo desafio. Agora vou tentar ser o melhor no MMA também”, falou.
Depois de ter feito a migração, Rodolfo confessa ter recebido algumas propostas para lutar de kimono e negou todas, exceto uma que brilhou os olhos. Após quatro anos sem pisar num tatame para competir, ele aceitou lutar o Black Belt CBD e levou o título do GP dos pesados, finalizando Kit Dale em uma chave de braço e, em seguida, vencendo o atual campeão mundial de jiu-jitsu Mahamed Aly por pontos.
“Ano passado, quando me mudei para cá [EUA], estava bem pensativo na minha carreira, se ia ou não continuar no MMA e aí recebi a proposta de lutar este GP e aceitei”, disse. Mas foi só para matar a saudade mesmo.
“Foi legal matar a saudade, ver que ainda tenho a capacidade de lutar entre os melhores, foi bom para a minha cabeça. Mas tenho que voltar para o meu foco, tenho muito trabalho pela frente, é um longo caminho. Voltei correndo para o MMA. As coisas aconteceram rápido, né”, finalizou ele que, de tão ‘desacostumado’ com campeonatos de jiu-jitsu, esqueceu o celular dentro do kimono e só percebeu quando caiu.