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Salvador é a 2ª capital com maior redução em mortes por acidentes de trânsito

Com menor taxa entre capitais brasileiras, Salvador bateu meta acordada com a ONU

Salvador é uma das seis capitais do país que bateu antecipadamente a meta de redução de mortes no trânsito. As cidades brasileiras têm até 2020 para diminuir em 50% esse número, seguindo meta feita com a ONU, considerando os dados de 2011 a 2020. De acordo com levantamento da Folha de S. Paulo, além de Salvador já bateram a meta também Rio Branco, Belo Horizonte, Aracaju, Curitiba e Porto Alegre. 

De acordo com dados do Sistema Único de Saúde (SUS), cerca de 36 mil pessoas morrem por ano em acidentes de trânsito em todo Brasil.

Salvador foi a segunda capital com maior redução, atrás de Rio Branco. A capital baiana teve um trânsito 55% menos letal em 2018 do que em 2011. Essa redução foi alcançada mesmo com um aumento de 31% da frota no mesmo período. 

Além disso, desde 2016 Salvador tem a menor taxa de mortes por 100 mil habitantes no trânsito. A taxa em 2018 foi de 3,99, um número equivalente ao de países como a Dinamarca, de acordo com a Organização Mundial de Saúde
(OMS).

Responsável pelo trânsito da cidade, a Transalvador atribui a queda nas taxas ao replanejamento de várias áreas da cidade, com medidas que incluem redução de velocidades máximas em algumas avenidas e ruas, aumento de calçadas, implantação de mais ciclovias e uso de estratégias do chamado trânsito calmo.

“É resultado de um trabalho integrado. Nós estamos atuando fortemente na fiscalização, que é uma ferramenta imprescindível, necessária para a segurança viária. Mas também não é só fiscalização, e nós temos uma sinergia muito forte nessa questão de novos projetos, de requalificação, de novas vias. E a requalificação urbana tem sido pensada também com o olhar de segurança viária”, diz o superintendete da Transalvador, Fabrizzio Muller.

Para Muller, a priorização do pedestre, que é a maior vítima em questão de acidentes fatais, é uma das respostas. “Você garante mais espaço para pessoas, pedesres, pro ciclista, projeta uma via que é compartilhada e por isso a velocidade tem que ser diminuída…”, elenca.

O superintendente cita o projeto Trânsito Calmo, implantado recentemente na Pituba. “É totalmente voltado à segurança dos pedestres, que são os mais vulneráveis do trânsito. Quando você começa a repensar a cidades, os resultados vêm e apareceram de forma muito expressiva”. 

Na capital também houve aumento de 71% dos radares no período, aponta a Folha. As infrações quase que triplicaram de 2012 a 2016, mas desde as multas por ultrapassar limite de velocidade caíram 35%.Muller diz que quando assumiu o cargo, não havia radares e as mortes estavam “chegando a números insuportáveis”. A prefeitura então tratou de instalar a fiscalização eletrônica mais moderna. “Houve um pico de autuações, as pessoas estavam desacostumadas”, acredita.

Mas houve uma mudança de comportamento. Para 2019, o número de multas por excesso de velocidade deve ficar próximo ao de 2013, diz Muller. “As pessoas passaram a respeitar mais. Essa é uma política que deve ser  permanente. Em países de primeiro mundo há fiscalização intensa e não há espaço para a flexibilização”, avalia. “Com redução de infrações, naturalmente as pessoas estão infringindo menos e o resultado é de menos mortes”.

Veja a taxa de mortes no trânsito em Salvador por 100 mil habitantes

20118,84
20129,11
20137,66
20146,51
20156,23
20164,70
20174,10
20183,99

Comitê
Salvador também é uma das cidades que aderiu ao projeto Vida no Trânsito, do Ministério da Saúde. Nele, um comitê integrando vários órgãos compartilha e avalia dados. “Tem Polícia Rodoviária Estadual, Federal, Secretaria de Saúde… Acabam se encontrando e discutindo política de segurança. Com essa integração, vamos refinando melhorando a informação dos dados. Porque tem acidentes que acontecem, por exemplo, na BR-324, mas está dentro de Salvador”, diz Muller.

Para o futuro, a Transalvador deve continuar investindo no trânsito calmo. “São conceitos que estão sendo aplicados desde 2013, tivemos a Barra, o Rio Vermelho. Na Pituba é o primeiro que estamos aplicando num bairro inteiro”, explica o superintendente.

“Estreitar cruzamentos, faixas elevadas, aumentar passeios. Tudo isso tem objetivo maior do que apenas a fluidez. Alguns reclamam que a via vai congestionar. Não vai, e vai dar mais segurança ao pedestre”, diz, citando outros pontos, como São Tomé de Paripe e Tubarão, que também têm trechos assim. “Já estamos planejando outras regiões, região Itapagipana, o Loteamento Aquarius, que os próprios moradores pediram, a associação do Horto Florestal também fez esse pedido”, diz.

Fonte: Correio da Bahia

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