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Estrela do judô estreia no MMA sob a responsabilidade de ser a “nova Ronda”

Poucos nomes monopolizaram tanto um esporte quanto Ronda Rousey no MMA. De medalhista olímpica, a americana tornou-se uma superestrela mundial no Ultimate Fighting Championship. Agora com a lutadora fora da organização e mais preocupada com o entretenimento do WWE (telecatch), a modalidade obviamente caça uma nova representante midiática, e uma candidata a ocupar este posto pode seguir roteiro parecido.

Maior rival da brasileira bicampeã mundial Mayra Aguiar, Kayla Harrison tornou-se uma das judocas mais conceituadas nos últimos dois ciclos olímpicos e já anunciou a estreia na nova modalidade. Em 21 de junho, a atleta encara Bittney Elkin na segunda edição da Professional Fighters League 2, em Chicago.

As comparações com Ronda se tornaram inevitáveis quando Harrison, antes mesmo dos Jogos Olímpicos de 2016, manifestou o desejo de transitar do judô para o MMA. Porém, no tatame, a antiga estrela do UFC é coadjuvante na comparação das duas trajetórias anteriores à mistura das artes marciais.

Atualmente com 27 anos, Harrison lutou na categoria até 78 kg, uma acima de Ronda Rousey. Enquanto a ex-detentora do cinturão dos galos no UFC ostenta as medalhas de prata do Mundial de 2007 e o bronze dos Jogos de Pequim 2008 como as maiores vitórias, Harrison subiu no lugar mais alto do pódio em Londres (2012) e Rio de Janeiro (2016), e ainda levou o ouro no Mundial de 2010.

Neste período de praticamente seis anos de auge, Harrison firmou uma rivalidade com a brasileira Mayra Aguiar. Foram 17 lutas entre 2010 e 2016, com nove vitórias da americana contra oito da gaúcha. No entanto, em momentos fundamentais, a nova candidata a lutadora de MMA se apresentou como uma grande algoz.

Em setembro de 2010, no único mundial vencido pela americanana, Mayra Aguiar ficou justamente com a prata, frustrada na decisão. Meses antes, mais precisamente em maio, a atleta de Ohio também havia superado a gaúcha na final da etapa de São Paulo da Copa do Mundo.

Harrison ainda superou Mayra Aguiar na campanha do primeiro ouro olímpico. Em Londres, o triunfo veio na semifinal. No Pan-Americano de Toronto, mais uma vez, a brasileira ficou com a prata e testemunhou a americana comemorar o ouro.

Agora, com a entrada no MMA, Kayla Harrison deixa livre o caminho para Mayra Aguiar dominar a categoria. Depois de dois ouros olímpicos, o objetivo é se tornar tão letal em um esporte no qual as técnicas de judô não bastam. O exemplo de sucesso vem, como citado em Ronda Rousey, que sobrava no octógono ao impor as técnicas do tatame sobre as rivais.

“Venho esperando por muito tempo para lutar. O primeiro obstáculo era eu mesma. Queria me sentir nervosa, entrar lá e ver como eu me sentia recebendo socos na cara. Depois que descobri que gostava”, afirmou Harrison ao anunciar o combate na última semana, em entrevista ao MMA Hour.

A trajetória no judô mostra que, além do gosto pelo contato, as conquistas também atraem Harrison. O passado vitorioso superior ao de Ronda naturalmente desperta a atenção de quem acompanha MMA e dos responsáveis pelos grandes eventos; neste último grupo, ainda buscam uma nova superestrela no feminino desde a ida da ex-campeã do UFC para o telecatch.

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