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Carne segue em tendência de queda, mas ainda está cara

Devido ao alto valor, consumidor tem mudado hábitos para frango e peixes

A Copa do Mundo de futebol está chegando e a estreia do Brasil será no dia 24 de novembro contra a Sérvia às 16 horas, mas aquele tradicional churrasco com cerveja está ameaçado. Apesar da leve queda no mês de outubro o valor do quilo bovino, ainda está muito alto para o consumidor   quem gosta de curtir com os amigos vai ter que desembolsar em média R$50,00 a R$45,99 pela picanha, em Salvador.

“A promessa do futuro presidente do Brasil, Lula, é que possamos voltar a comer picanha e tomar a cervejinha no domingo, mas ele só assumirá ano que vem, para a Copa vamos ter que optar por uma comida mais em conta, um prato que renda mais tipo feijoada ou até os kits com salgados, bolos e pãezinhos”, comenta o engenheiro Renato Reis que costuma reunir amigos na sua varanda gourmet em ocasiões especiais. Gaúcho, ele sempre manteve a tradição do churrasco, mas esse ano diz que já organizou a feijoada e os kits.

No frigorífico do Mané, na Sete Portas, o quilo de Dentro está custando R$34,99, mas no mês anterior ainda estava saindo por R$37,99. A Picanha que custava R$48,99 está custando agora R$45,99.

“Aqui no nosso frigorífico estamos com o mesmo preço há três meses. Nossa carne chega fresquinha e desossamos para vender aos clientes. Esperamos que o presidente Lula realize a  sua promessa de baixar o valor da picanha, aí a tendência é  vender muito. Vamos começar a congelar a picanha e esperar que baixem o imposto para vender a carne mais barata. Temos picanha de todos os preços, em média a picanha gorda custa R$50,00 e a magra está saindo por R$ 45,00”, diz  Erivaldo Santos do açougue Pai e Filho.

A redução na demanda de consumo interno e no volume de exportações da carne bovina para a China têm provocado o recuo no preço do produto no varejo. Esse movimento reflete a variação no preço da arroba do boi gordo ao produtor que, em média, já caiu em torno de 5% desde o início do ano, segundo levantamento do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. O valor se torna ainda maior ao avaliar o comportamento do mercado em relação ao início de dezembro, conferindo uma queda da ordem de 21%.

A cotação do boi gordo recuou depois que a China parou de comprar carne bovina do Brasil, no dia 4 de setembro. O país asiático chegou a importar quase metade das cerca de 2 milhões toneladas de carne que o Brasil envia a outros países, por ano e, portanto, todo movimento que a nação faz facilmente afeta nossos preços. No campo, a arroba bovina chegou a fechar no dia 24 de outubro, em seu menor valor no ano: em R$262,90, segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP. No início de setembro, quando ocorreu a suspensão, a cotação estava em torno de R$305, chegando a bater recorde em junho (R$322).

Para o coordenador-geral de Apoio à Comercialização da Agricultura Familiar, João Antônio Salomão, além da questão das exportações, outros fatores contribuíram para pressionar o preço para baixo. “há uma tendência de menor consumo de carne bovina, mudança de hábito do consumidor, que migrou para a compra de outros tipos de carnes, como frango e peixes”, observa.

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