Em combate morno e equilibrado, na oitava edição do evento, brasileiro reencontra o triunfo, que não vinha desde novembro de 2015, quando nocauteou Dan Henderson.
O Rio de Janeiro é a casa de Vitor Belfort. E, neste sábado, no UFC Rio 8, na Arena da Barra, o brasileiro impediu que o peso-médio Nate Marquardt atrapalhasse os seus planos. O “Fenômeno” não foi brilhante, protagonizou um confronto morno, mas espantou a má fase, assegurando a vitória por decisão unânime (triplo 29-28). Um alívio para quem vinha sendo nocauteado no primeiro round e, desde novembro de 2015, não deixava o octógono com um sorriso no rosto. Adepto do estilo “matar ou morrer” no octógono, Vitor Belfort não vencia um duelo por pontos na carreira há dez anos. A última vez se deu contra James Zikic, no Cage Rage.
– Galera, obrigado pelo carinho. Quero mandar um beijo para os meus filhos, para a minha esposa, para a minha família, obrigados aos treinadores, equipe no Canadá, aqueles que investiram na minha carreira, sou grato a todos que plantaram uma semente na minha vida. Eu prometi mais cinco lutas ao Firas Zahabi – disparou Belfort, citando o líder da academia Tristar, localizada no Canadá, onde fez a preparação para o confronto.
Derrotado por Ronaldo Jacaré, Gegard Mousasi e Kelvin Gastelum (o revés se transformou em “No Contest” após o atleta ser pego no doping), Vitor Belfort ganha novo ânimo e, aos 40 anos de idade, sequer citou a palavra aposentadoria em seu discurso.
Ex-campeão do Strikeforce e, assim como o anfitrião, um veterano do esporte, Marquardt sofre seu sétimo revés em dez embates pelo Ultimate.
A luta
Vitor Belfort começou a luta com a torcida gritando seu nome. O anfitrião, porém, seguiu fitando o americano, que também o estudava com o semblante fechado. Nate Marquardt foi quem tomou a iniciativa: ele grudou no “Fenômeno”, ficou por cima ao quedá-lo, porém, sem efetividade no solo, fez o árbitro central Osiris Maia pedir que ambos se levantassem, reiniciando o embate de pé. Belfort balançou o americano com um soco e um chute. O americano bateu com as costas na grade, mas fez “não” com o dedo indicador, sinalizando que não sentiu o golpe. Marquardt devolveu com um chute na linha de cintura, mas Vitor Belfort tentava controlar o centro do cage. “The Greatest” acertou bons chutes e, por vezes, tocava no rosto do rival. No último segundo, Vitor acertou um chute alto, que parou na guarda do oponente. Foi uma performance para lá de discreta do anfitrião, acostumado a ser voraz e implacável nos primeiros cinco minutos.
Vitor Belfort, no segundo round, seguiu estudando o adversário, que o acertou com um bom chute na cabeça e jabs no rosto. Com um chutaço na cabeça, o brasileiro aplicou uma joelhada, um cruzado de esquerda, deixando Marquardt em apuros. Em seguida, acertou novo chute na costela. Foi um momento explosivo, um traço característico de sua longeva carreira. Marquardt, quando atacava, alternava chutes na linha de cintura e, às vezes, tentava grudar – mas era afastado por Belfort. Diferentemente do assalto anterior, o carioca ofereceu mais perigo e, desta vez, levou vantagem na parcial.
No terceiro e decisivo round, a torcida demorou a se animar, em função da passividade dos atletas durante os dois primeiros minutos. Um rápido grito de Vitor Belfort chegou a ecoar do público, porém, o carioca não atacava. Marquardt, por sua vez, arriscava chutes na linha de cintura e na cabeça, mostrando um pouco mais – bem pouco, por sinal -, de combatividade. Faltando 1m45s, Belfort soltou o braço, mesmo sem acertar o alvo com a potência necessária para liquidá-lo. Um chute alto, no entanto, fez o americano sentir. O carioca tentava enquadrá-lo – defendeu muito bem uma queda no centro do cage – e foi para cima. A torcida se animou, entoando o tradicional “Uh! Vai Morrer”. Marquardt avançou, mas não havia tempo. Quando o tempo se esgotou, ambos levantaram os braços ao mesmo tempo. Belfort foi além: subiu na grade e recebeu os aplausos da plateia. Acostumado a nocautear, ele não conseguiu evitar que o confronto fosse decidido pelos jurados – entretanto, a má fase havia sido interrompida em casa, diante de seus pais e de seus conterrâneos.