Estudos ambientais apontam a Bahia como o estado que mais devasta a Mata Atlântica, situação que precisa ser combatida já.
Os municípios de Santa Cruz Cabrália, Belmonte e Porto Seguro, no Litoral Sul da Bahia, e Wanderley, no Oeste, estão entre os cincos maiores desmatadores da Mata Atlântica na Região Nordeste. Juntos, eles desmataram no ano passado 7.211,86 hectares de florestas. Em todo o estado, em 2016, existia 2.014.528 hectares de florestas, a maior parte deles no litoral Sul.
O estudo foi apresentado pelo Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Fundação SOS Mata Atlântica, que traça um perfil dos municípios dos nove estados da Região Nordeste entre 2015 e 2016. O estudo revelou que a Bahia foi o Estado com maior número de municípios entre os que mais desmatam, com 30 cidades , seguido pelo Piauí, com sete. Em todo o Brasil as florestas de Mata Atlântica se fazem presentes em 17 estados. A Bahia é o quinto estado no país com maior área desse tipo de floresta.
Nas regiões de Mata Atlântica vivem mais de 145 milhões de brasileiros em 3.429 municípios. As florestas são a morada de centenas de outras espécies, além de garantir água e ar limpos. São também importantes para a saúde do solo, para o lazer e para a economia. No Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, lançado esta semana, o INPE e o SOS Mata Atlântica mostram que os estados da Bahia e Piauí são os destaques da região com, respectivamente, 30 e sete cidades no ranking dos municípios com maior supressão de mata nativa no período entre 2015 e 2016.
Em nota através da Assessoria de Comunicação, s diretora executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota, considerou ser lamentável que os municípios do Nordeste ainda permitam o desmatamento.”, disse. Segundo ela, “a Mata Atlântica é o bioma mais ameaçado do país. Restam somente 12,4% da área original. Ao desmatarmos estamos prejudicando o nosso próprio bem estar e qualidade de vida”, afirmou.
Desde 1990 – Até o ano passado, segundo os mesmos estudos, a Bahia possuía 2.104.528 hectares de Mata Atlântica. Cada hectare equivale a 10 quilômetros quadrados de área. Em Salvador, a Floresta de Mata Atlântica ainda se faz presente em 2.923 hectares, localizados principalmente no entorno das bacias hidrográficas dos rios Joanes e Ipitanga e em locais como o Parque São Bartolomeu. No ano passado, contudo, segundo o estudo, a taxa de desmatamento ficou em 11% do total, o equivalente a cerca de 350 hectares.
Além de mapear os remanescentes da Mata Atlântica em seu domínio original – 1,3 milhão de quilômetros quadrados em 17 estados – o Atlas calcula as taxas de desmatamento e regeneração da mata nativa. A Mata Atlântica está distribuída ao longo da costa atlântica do país, e parte da Argentina e do Paraguai. São 1.309.736 km2 nos estados da Bahia, e em mais 16 unidades da federação.
Na Bahia, o Governo do Estado, através do Inema – Instituto Estadual de Meio Ambiente – administra o programa Corredores Ecológicos dentro do programa nacional para a Proteção das Florestas Tropicais Brasileiras que tem como objetivo a conservação da diversidade biológica das florestas, por meio da integração de Unidades de Conservação públicas e privadas. Os “corredores ecológicos” são áreas marinhas e florestais viáveis para a conservação da diversidade biológica, compostos por conjuntos de Unidades de Conservação, Terras Indígenas e Áreas de Interstício. Até o momento, foram selecionados dois corredores: o Corredor Central da Amazônia e o Corredor Central da Mata Atlântica.
O Corredor Central da Mata Atlântica tem mais de 8,5 milhões de hectares e estende-se por todo o estado do Espírito Santo e Sul da Bahia, com 83 unidades de conservação. No Extremo Sul da Bahia estão duas das mais importantes áreas de conservação, que compreendem quatro parques nacionais – Descobrimento, Monte Pascoal, Pau-Brasil e Abrolhos. Juntos, esses parques mantêm cerca de 50.000 hectares de florestas e 90.000 hectares de áreas marinhas. Na Bahia, as principais ações são os planos de manejo do Parque Estadual Serra do Conduru e da Área de Proteção Ambiental (APA) do Pratigi, mapeamento da cobertura florestal da APA Itacaré/Serra Grande; zoneamento da APA Tinharé/Boipeba; e ações no entorno dos Parques Nacionais do Monte Pascoal e do Pau-Brasil.
Área desmatada equivale a Madre de Deus
Somente em um município da Bahia, Santa Cabrália, localizado no Extremo Sul do Estado, a área desmatada de Mata Atlântica é do tamanho do município de Madre de deus, na Região Metropolitana de Salvador. Santa Cruz desmatou 3.057,81 hectares de floresta no ano passado e é o maior município nordestino em desmatamento, conforme levantamento do INPE e do SOS Mata Atlântica.
Localizada na Costa do Descobrimento, no sul da Bahia, Santa Cruz Cabrália (BA) lidera o ranking, com 3.057 hectares de florestas nativas desmatados, uma área de tamanho semelhante a Madre de Deus, o menor município do estado, que tem 3.220 ha de área total. O segundo município que mais desmatou foi Belmonte , também no Sul do Estado, com 2.122 hectares de área de floresta. Na terceira posição aparece Manoel Emídio, no Piauí, mas na quarta surgem dois outros municípios da Bahia, Wanderley, no Oeste, e Porto Seguro, no Extremo Sul.