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Alemanha: explosão de casos de Covid-19 apesar da vacinação preocupa governo

Autoridades do país não descartam novas medidas para evitar uma quarta onda de contaminações.

Pessoas vão a centro de vacinação contra a Covid-19 em Dresden, na Alemanha, em 29 de julho de 2021 — Foto: Matthias Rietschel/Reuters

A evolução da epidemia de Covid-19 na Alemanha é mais rápida do que a constatada no mesmo período do ano passado, apesar de quase 70% da população alemã estar vacinada. As autoridades do país não descartam novas medidas para evitar uma quarta onda de contaminações.

“Existe um um excesso de relaxamento”, declarou a chanceler alemã, Angela Merkel, no fim de semana, falando sobre o aumento  do número de infecções na Alemanha. Em uma semana, a alta da taxa de incidência foi de 50% e passou para 155 casos de Covid para 100 mil habitantes — acima de 50 infecções, considera-se que a epidemia está fora de controle. 

Alguns elementos explicam esse aumento súbito: o aumento das viagens por conta do recesso escolar e, com a chegada do outono e a queda das temperaturas, há menos atividades ao ar livre e mais reuniões familiares e com amigos em espaços fechados.

Como já se sabe, o SARS-CoV-2 se prolifera principalmente em locais pouco arejados, frequentados por muitas pessoas sem máscara e distanciamento social. E, apesar da vacina ser um escudo eficaz contra formas graves da doença, ela  dificulta, mas não bloqueia as contaminações. Manter as medidas de proteção, é, dessa forma, fundamental para manter o controle da epidemia.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Além disso, um terço da população alemã é reticente à vacina, ainda não está imunizada, e a campanha de reforço com a terceira dose para pessoas vulneráveis e idosos avança lentamente. O Ministério da Saúde alemão pretende reabrir os centros de vacinação para acelerar o processo. 

Todos esses fatores reunidos contribuem para que o retorno da epidemia tenha repercussão direta nos hospitais: as internações aumentaram 40% em uma semana. As unidades de terapia intensiva ainda têm leitos disponíveis, mas há diminuição das vagas nos estabelecimentos em relação ao ano passado, por falta de profissionais habilitados na gestão de pacientes graves.

O Ministério da Saúde pretende organizar uma reunião entre os representantes do Estado federal e das províncias para viabilizar soluções a curto prazo para impedir o avanço do vírus, mas ainda não há consenso sobre medidas a serem adotadas.

5 milhões de mortes

Nesta segunda-feira (1º), o mundo ultrapassou a marca de 5 milhões de mortos pela pandemia, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.

A contagem foi estabelecida a partir dos balanços oficiais diários de cada país, mas esse número certamente não corresponde à realidade. Quando se toma como referência o excesso de mortalidade relacionado à Covid, o balanço poderia ser duas ou três vezes maior, afirma a Organização Mundial da Saúde (OMS).

Independentemente do cálculo, o número de mortes é inferior a outras pandemias como a chamada gripe “espanhola” (1918-1919), que provocou entre 50 milhões e 100 milhões de vítimas fatais ou os 36 milhões de óbitos provocados pela Aids nos últimos 40 anos. O coronavírus, porém, causou muitas mortes em pouco tempo.

“Sem a adoção de medidas como restrições de deslocamentos e a vacinação, o resultado teria sido muito mais dramático”, segundo o epidemiologista francês Arnaud Fontanet, do instituto Pasteur. 

Uma epidemia, explica Fontanet, tem duas fases: a “fase explosiva epidêmica”, quando o vírus penetra com força em um grupo de população que nunca esteve em contato com ele, e a fase de “conformação a um grupo”, quando há imunidade da população: acontece então a circulação endêmica. No caso do coronavírus, “pela primeira vez na história das pandemias, aconteceu um esforço mundial para acelerar esta transição”, afirma Fontanet.

Uma aceleração favorecida pelas vacinas “permitiu que a população alcançasse a imunidade de forma artificial, ante um vírus que não conhecíamos. Em 18 meses conseguimos o que demoraria de três a cinco anos, com um número muito maior de mortos”.

Por isso, o futuro do vírus depende do nível de vacinação dos países e da eficácia das vacinas, prevê Fontanet. “O vírus vai continuar circulando. O que se busca agora não é sua eliminação, e sim uma proteção contra as formas mais graves”, completa.

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