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Fala de Eduardo Bolsonaro contra professores causa repulsa e desencadeia diversas ações

Ministro da Justiça pede investigação sobre incitação ao crime feita pelo filho “zero 3” de Jair Bolsonaro, que comparou professores a bandidos e traficantes em plena Esplanada dos Ministérios. Parlamentares vão ao STF e Conselho de Ética da Câmara

Filho do ex-presidente da República Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Zero Três  (Marcelo Camargo/Agência Brasil)

São Paulo – Sem citar o nome, o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, afirmou que mandou a Polícia Federal (PF) investigar os discursos do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) e aliados, em um ato pró armamentismo realizado em Brasília neste domingo (9), na Esplanada dos Ministérios. Em frente ao Congresso Nacional, o filho “zero 3” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) atacou os professores do país e os comparou a bandidos e traficantes.

“Determinei à Polícia Federal que faça análise dos discursos proferidos neste domingo em ato armamentista, realizado em Brasília. Objetivo é identificar indícios de eventuais crimes, notadamente incitações ou apologias a atos criminosos”, postou o ministro da Justiça no Twitter.

Além da medida do ministro Dino, há diversas ações contra Eduardo Bolsonaro. A deputada federal Luciene Cavalcante (Psol-SP) apresentou notícia-crime ao Supremo Tribunal Federal (STF). O deputado federal e líder Guilherme Boulos (Psol-SP) anunciou que acionará o Conselho de Ética da Câmara.

O ódio de Eduardo Bolsonaro

“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas que tenta sequestrar os nossos filhos para o mundo do crime. Talvez o professor doutrinador seja pior”, disse o “zero 1”, em fala apontada como criminosa por parlamentares vinculados à educação. Para eles, o filho de Bolsonaro incentiva agressões a escolas, professores e alunos, o que vem ocorrendo no país cada vez com mais frequência.

“Se tivermos uma geração de pais que prestem atenção na criação dos filhos, tirem um tempo para ver o que eles aprendem nas escolas, não vai ter espaço para professor doutrinador querer sequestrar as nossas crianças”, disse ainda o deputado.

“Deplorável e criminoso”

“Com tantos ataques e mortes em nossas escolas, é deplorável e criminoso o incitamento ao ódio e a violência contra os professores promovido pelo deputado Eduardo Bolsonaro. Acionaremos a PGR e o STF contra esse escárnio”, postou o deputado estadual de São Paulo Eduardo Giannazi (Psol).

“Essa fala de Eduardo Bolsonaro deixa clara sua ignorância e mau-caratismo. São falas como essa que contribuem para que o Brasil seja um dos países que menos valoriza seus professores. Nojento!”, postou a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP).

Em nota, o Sindicato dos Professores do Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp) repudia a fala de Eduardo Bolsonaro. “Comparar professores a traficantes de drogas é o mais baixo nível que um político pode alcançar. Bolsonaro e sua política foram derrotados pelo povo brasileiro nas eleições de 2022. Há cada vez menos espaço para o obscurantismo e a política de ódio da extrema direita”, diz a entidade.

Mais Venezuela

Em sua pregação extremista, Eduardo Bolsonaro disse ainda que o Brasil se assemelha à Venezuela, o que é uma visível deturpação utilizada pelo seu pai durante toda a campanha eleitoral de 2022. “A Venezuela é o país mais violento do mundo, e o Brasil vai voltar a caminhar nesse sentido. Infelizmente, vai roubar muita vida de inocente, porque os caras do Ministério da Justiça não querem dar o acesso à legítima defesa a todos nós”, disse o filho de Bolsonaro.

“Não tem diferença de um professor doutrinador para um traficante de drogas”, disse filho de Bolsonaro

Cassação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE) saiu em defesa dos professores e lançou uma campanha pela cassação do deputado Eduardo Bolsonaro. “Pelo constrangimento causado aos educadores de todo o Brasil, a CNTE, que representa 4,5 milhões de profissionais do setor, defende a imediata abertura de processo disciplinar no Conselho de Ética da Câmara dos Deputados por quebra de decoro e com consequente cassação do mandato parlamentar”, afirma a Confederação. Clique aqui para aderir ao abaixo-assinado pela cassação.

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