Segundo economista da confederação, famílias estão com orçamento menor em comparação a anos anteriores em função da alta inflacionária
Um estudo da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgado nesta terça-feira (7), aponta que a proporção de famílias endividadas no Brasil cresceu 1% em maio, em comparação com abril deste ano, e alcançou 28,7% do total de lares do país.
No mesmo período em 2021, o índice era de 24,3%.
A Pesquisa de Endividamento e Inadimplência do Consumidor (PEIC) mostra que praticamente três em cada dez famílias brasileiras têm conta em atraso atualmente.
O levantamento mostra ainda que, do total de endividados do país, 22% precisam de pelo menos metade do rendimento mensal para pagar as dívidas com bancos e casas financeiras — maior resultado desde dezembro de 2017.
A economista e pesquisadora da CNC, Izis Ferreira, explicou à CNN que as famílias do país estão com um orçamento menor, em comparação aos anos anteriores, em função da alta inflacionária, que já supera os 12% anuais para os brasileiros.
“Nós estamos vendo a inflação persistente e sem trégua. Isso tem pressionado o orçamento dessas famílias e o que acontece é um comprometimento maior com a renda e as contas a pagar. Então, quem está endividado dedica uma parcela maior do rendimento para quitar as dívidas, mas tem uma renda menor para o dia a dia”, ressalta.
Os grupos pesquisados são compostos por famílias mais pobres, com renda de até 10 salários-mínimos, e mais ricas, com rendimento acima de 10 salários-mínimos.
A pesquisa indica que, entre as modalidades que englobam o tipo de dívida, o cartão de crédito foi o que mais cresceu no mês de maio, com 88,5% nas duas faixas de rendimento.
Este resultado, conforme diz Izis, foi motivado por mais gastos no cartão entre os consumidores de maior poder aquisitivo, com um alcance de 92,9% de famílias nesse grupo.
“Chegamos em maio com quase 92% dos endividados entre as famílias mais ricas no cartão de crédito. Nunca tínhamos tido essa proporção alta. Existe uma correlação com a melhora no setor de serviços e a proporção dos endividados entre as famílias mais ricas”, diz a economista.
“Provavelmente esse nível vai se manter alto, mas pode ser que vejamos uma espécie de manutenção desse nível, com um crescimento menos expressivo.”
Em contrapartida, tanto as famílias mais pobres como as mais ricas relataram que o volume total de dívidas a vencer recuou em maio, frente ao mês anterior.
Para a economista da CNC, esse pequeno avanço ocorreu pela melhora do mercado de trabalho e pelas transferências de renda, como o incremento no valor do Auxílio Brasil, saques extras do FGTS e antecipações do 13º salário.
A flexibilização da pandemia e a vacinação contra Covid-19 também possibilitaram a retomada do consumo de serviços, principalmente viagens, lazer e entretenimento, habitualmente pagos com cartão de crédito pelos consumidores na faixa de maior renda.
Fonte: CNN