Instituições financeiras dizem que inflação e juros altos devem travar crescimento no ano que vem
A economia brasileira deve subir mais de 4% em 2021, mas registrará um crescimento tímido –ou até negativo– em 2022. É o que dizem os principais bancos que operam no país, diante da alta dos juros e da inflação.
Segundo o Boletim Focus, os analistas do mercado financeiro esperam uma alta de 0,42% do PIB (Produto Interno Bruto) do Brasil em 2022. O mercado ainda acredita que a Selic, taxa básica de juros, deva passar dos atuais 9,25% para 11,5% e que a inflação fechará o próximo ano em 5,03%. A meta de inflação é de 3,5% em 2022, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais (5%) e para menos (2%).
Alguns bancos, no entanto, têm projeções mais pessimistas que a mediana das estimativas coletadas pelo BC (Banco Central) no Boletim Focus. O Credit Suisse, por exemplo, vê a Selic chegando a 12,25% e a inflação em 6% em 2022. Por isso, diz que a economia brasileira cairá 0,5% no ano que vem.
Em relatório divulgado a clientes, o Credit Suisse fala em “outra recessão, a 3ª dos últimos 8 anos” no Brasil. “É provável que consumo e investimentos se contraiam devido ao forte aumento da inflação, à alta necessidade de financiamento do governo e à incerteza econômica”, afirmou.
O Itaú também vê uma queda de 0,5% da economia brasileira em 2022, por causa do impacto da alta dos juros na demanda agregada. Para o banco, a Selic deve fechar o próximo ano em 11,75%.
O BTG Pactual, por sua vez, trabalha com um crescimento de 0%. Em relatório, o banco diz que “o PIB ficará estagnado, podendo haver recessão”. O documento é assinado por Mansueto Almeida, que é economista-chefe do BTG Pactual e ex-secretário do Tesouro Nacional.
XP Investimentos também vê um ano de estabilidade para o PIB do Brasil. Já Santander e Bradesco esperam um crescimento de 0,7% e 0,8%, respectivamente, da economia brasileira.
O Santander diz que a reabertura do setor de serviços, a recuperação do mercado de trabalho e a alta das commodities ajudarão o crescimento, apesar de dizer que esses fatores podem ser “ofuscados” pela alta dos juros. O Bradesco cita a aceleração da inflação como um motivo para a “perda de fôlego da economia”. p g
Outras projeções
Diante deste cenário, os bancos não veem melhora expressiva da taxa de desemprego, que está em 12,1% e atinge 12,9 milhões de pessoas. Algumas instituições preveem até uma piora do indicador. O Itaú, por exemplo, vê o desemprego chegando a 12,7%.
Com as incertezas econômicas e as eleições presidenciais, os bancos também não esperam que o dólar ceda. As projeções apontam para uma taxa de câmbio de R$ 5,50 a R$ 5,80 no fim do ano que vem.