Antes do atual presidente, fracasso em recuperar economia impediu reeleição de George HW Bush contra Bill Clinton em 1992
Com a confirmação da vitória de Joe Biden por projeções elaboradas pelos principais meios de comunicação dos Estados Unidos, o atual presidente Donald Trump se torna o primeiro mandatário a perder a reeleição no país em 28 anos. Antes dele, o último havia sido George HW Bush, em 1992.
A derrota de Trump foi declarada por todas as principais redes americanas assim que Biden foi considerado o vencedor das eleições na Pensilvânia, o que deu ao veterano democrata 273 votos no Colégio Eleitoral, ultrapassando o limite de 270 votos necessários naquele órgão para ser eleito presidente.
Trump, porém, voltou a contestar a apuração e prometeu apresentar processos legais mais duros para reverter a situação a partir da próxima segunda-feira. Apesar da recusa do republicano em aceitar a derrota, os apoiadores de Biden já comemoram a mudança de governo nas ruas de diversas cidades do país.
Antes de Trump, outro republicano perdeu a campanha de reeleição há 28 anos. George HW Bush foi derrubado por uma forte recessão e pela quebra de sua própria promessa de campanha de não aumentar impostos. Em seus primeiros dois anos de mandato, o republicano conseguiu excelente aprovação entre a população, motivada principalmente por seu sucesso nas relações exteriores, em especial a vitória na Guerra do Golfo. Porém, entre o fim da guerra, em fevereiro de 1991, e as eleições presidenciais, em novembro de 1992, sua popularidade despencou de 90% para 34%.
Para piorar, ele tinha como adversário um político jovem, carismático e alinhado com as mudanças culturais que o mundo experimentava depois de quarenta anos de Guerra Fria: Bill Clinton. Derrotado por sua antítese, Bush ainda teve a discutível honra de ter inspirado uma frase que virou mandamento na cartilha dos marqueteiros americanos.
Ao sinalizar o caminho que sua equipe deveria seguir para vencer o republicano, o chefe da campanha democrata James Carville foi cru e certeiro: “É a economia, estúpido”.
O ex-presidente George H. W. Bush faleceu em dezembro de 2018, aos 94 anos. Ele sofria um tipo de Parkinson que o impedia de caminhar e o deixou em uma cadeira de rodas nos seus últimos anos de vida. Seu filho, George W. Bush, também serviu como presidente entre 2001 e 2009.
É incomum que presidentes em exercício sejam derrotados nos Estados Unidos, já que assim como em outros países, os mandatários podem usar o púlpito e todos os benefícios da Casa Branca em sua vantagem.
Em comum, todos os mandatários derrotados tiveram o mesmo problema: seu partido não estava unido a eles. O democrata Jimmy Carter e o republicano George H.W. Bush enfrentaram desafios da esquerda e da direita de seus partidos, respectivamente, o que os enfraqueceu antes das eleições gerais.
Lyndon Johnson, sucessor do assassinado John F. Kennedy, não perdeu tecnicamente sua reeleição, mas optou por não concorrer a um segundo mandato completo em 1968 em meio a uma revolta da ala progressista do Partido Democrata contra a Guerra do Vietnã. E Gerald Ford, que assumiu o cargo após a renúncia de Richard Nixon em 1974, enfrentou a competição do popular Ronald Reagan dois anos depois.
Trump, ao contrário, praticamente assumiu o Partido Republicano, cuja plataforma de 2020 apoiou seu programa. O republicano buscou ansiosamente um segundo mandato. Em meio à pandemia de coronavírus que assola o país, ele fez uma campanha frenética por comícios em massa de um estado a outro e assinou os 150 milhões de cheques enviados aos americanos como parte do plano de ajuda econômica para enfrentar a crise de saúde.
Fonte: Veja