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Óleo faz primeira vítima de intoxicação em Salvador

O caso é acompanhado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Diante desse caso, a pasta reforça a importância dos cuidados referentes ao contato com o material

Óleo faz primeira vítima de intoxicação em Salvador

Os danos causados pelas manchas de óleo nas praias de Salvador não param de crescer. A Secretaria Municipal da Saúde de Salvador (SMS) confirmou ontem (12), o registro de um caso suspeito de intoxicação exógena relacionado ao contato com petróleo cru detectado em praias de Salvador. O caso é acompanhado pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan). Diante desse caso, a pasta reforça a importância dos cuidados referentes ao contato com o material.

De acordo com a SMS, a paciente afirmou que teve manchas vermelhas na pele, coceira, febre de até 40,2ºC, dores de cabeça e no corpo após ter contato direto com óleo na praia de Itapuã, em Salvador. A contaminação sofrida pela professora Tailane Santos, 28 anos, teria ocorrido na última quarta-feira (6) e a paciente só apresentou melhora nesta segunda-feira (11). O órgão explica que, ela foi medicada e mantida em observação, recebendo alta no mesmo dia após apresentar melhora no quadro clínico.

Em entrevista ao jornal Correio, Tailane disse que a contaminação aconteceu após ela realizar uma caminhada matinal na praia de Itapuã, quando acabou sujando os pés com as manchas. “Imediatamente comecei a sentir uma enorme coceira nas nádegas e no joelho. Pouco tempo depois começaram a aparecer manchas. Saí para o trabalho mesmo com o incômodo, porém comecei a passar mal com as dores e vermelhidão no local e de noite fui à Unidade de Pronto Atendimento (UPA), onde a médica só me receitou alguns remédios para cuidar dos sintomas”, contou.

INTOXICAÇÃO

Especialistas explicam que, a intoxicação é o conjunto de sinais e sintomas que surgem pela exposição a substâncias químicas tóxicas para o organismo, como remédios em doses excessivas, picadas de animais venenosos, metais pesados, como chumbo e mercúrio, ou exposição a inseticidas e agrotóxicos.Uma intoxicação é uma forma de envenenamento, e, por isso, pode provocar reações locais, como vermelhidão e dor na pele, ou mais generalizadas, como vômitos, febre, suor intenso, convulsões, coma e, até risco de morte.

Intoxicação exógena: acontece quando a substância intoxicante está no ambiente, capaz de contaminar através da ingestão, contato com a pele ou inalação pelo ar. As mais comuns são o uso de medicamentos em doses elevadas, como antidepressivos, analgésicos, anticonvulsivantes ou ansiolíticos, uso de drogas ilícitas, picada de animais venenosos, como cobra ou escorpião, consumo de álcool em excesso ou inalação de produtos químicos, por exemplo;

Portanto, profissionais da saúde recomenda que, assim, na presença de sinais e sintomas que possam levar a suspeitar deste problema, é muito importante ir ao pronto-socorro rapidamente, para que o tratamento seja feito, com lavagem gástrica, uso de remédios ou antídotos, prescritos pelo médico.

OS PEIXES

Outro impacto de curto prazo são complicações que surgem após a ingestão de peixes ou frutos do mar de áreas atingidas. O toxicologista Álvaro Pulchinelli Júnior explica que, a contaminação pode resultar em náuseas, vômitos e gastroenterite (inflamação no estômago e intestino).“Mariscos e ostras requerem atenção ainda mais especial. Eles filtram a água para se alimentar e, portanto, acumulam mais resíduos de petróleo do que os peixes”, ressalta o médico.

“Evitar esses alimentos é sempre a melhor alternativa. Não sabemos como cada pessoa reage aos componentes tóxicos. Se os incômodos persistirem, deve-se procurar um médico”, diz. O sabor alterado ou cheiro forte são bons indicativos de que o alimento não está bom para o consumo.

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) divulgou nesta segunda-feira (11) que, os peixes recolhidos nas praias baianas que foram atingidas pelo óleo estão “próprios para o consumo”. Contudo, o diretor do Instituto de Biologia da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Francisco Kelmo, afirmou que as informações divulgadas pelo governo federal são insuficientes para confirmar ou refutar a liberação para o consumo de pescado. Ele cobrou mais transparência da União na difusão dos dados.

“Eles não dizem em que parte do corpo do animal eles fizeram avaliação, se foi nos músculos ou se foi na bile, por exemplo. Eles não dizem quantos peixes foram avaliados. Não dizem como foi a coleta. Não revelam as concentrações que eles encontraram para dizer que os valores foram baixos, nem o método utilizado. A informação é muito vazia e não traz segurança. Não há dados suficientes para concordar ou refutar”, afirmou o pesquisador que coordena estudos relacionados ao assunto.

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