Em sua fala, governador deixou de fora partidos como PCdoB, PSB, PR e PDT
O governador Rui Costa (PT) resolveu começar o ano saindo da defensiva no discurso político partidário. Em entrevista coletiva ontem ele falou pela primeira vez (em público) sobre a montagem que vai se desenhando para a composição de sua chapa em outubro próximo, e revelou que têm preferência PT, PP do vice-governador João Leão e PSD do senador Otto Alencar. “O PT, o PSD, do senador Otto, e o PP são partidos que hoje têm posição de destaque e que devem ter a mesma posição no processo sucessório”, disse Rui na cerimônia de entrega de um terminal rodoviário na Avenida Tancredo Neves, em Salvador. Ele ponderou, contudo, que ainda não há definição e que “é cedo demais” tentar fechar qualquer acordo entre os partidos aliados agora. “Vamos conversar com todo mundo. É prematura qualquer decisão. Essa eleição é mais curta. Isso também vai se compatibilizar com arranjo nacional. Ainda é cedo. Estamos em janeiro ainda”, disse o governador em conversa com jornalistas.
Já não é novidade no cenário político baiano a garantia da vaga de vice a João Leão, contemplando o Partido Progressista (PP). Na briga pelas outras duas vagas, para o Senado, a rigor estão os principais aliados de Rui, como PSB da senadora Lídice da Mata, PDT, PR, PSL e PCdoB, além do próprio PT. No Partido dos Trabalhadores há o sentimento de relativa garantia de uma das duas vagas da senatoria para o secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado, Jaques Wagner. Mas há quem defenda entre os petistas (incluindo o próprio Wagner – pelo menos em público) que ele pode abrir mão da vaga e disputar como candidato a deputado federal, a fim de aliviar um pouco a tensão, pois assim Rui disporia de duas vagas para os aliados.
Embora tente se mostrar comedido sobre o assunto, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, deputado Ângelo Coronel, é assediado por grande parte dos líderes do PSD para se candidatar ao Senado. Mas a decisão de colocar seu nome oficialmente será tomada apenas em março próximo, conforme prevê o senador Otto Alencar, presidente do partido na Bahia. O outro nome entre os considerados mais fortes é o da senadora Lídice da Mata, que garante que será candidata pela chapa de Rui ou fora dela, numa composição ‘independente’.
Aliados reagem a declaração de petista
Imediatamente depois da afirmativa do governador os aliados começaram a se manifestar ontem. A senadora Lídice da Mata, por exemplo, parece ter dado pouco peso ao que disse Rui Costa. Ela afirmou que não se sentiu excluída. “Acho que o governador está reafirmando coisas que já foram ditas, expressando um reconhecimento dos dois maiores partidos. Agora, há uma ideia de que a chapa seja decidida por todos que compõem a base do governo. Essa é a expectativa do PSB”, afirmou a socialista em entrevista ao Bahia.ba. “Acho que política não é uma coisa aritmética, que se mede na fita métrica o tamanho de ninguém”, completou a senadora.
Quem não reagiu muito bem à fala de Rui foi o PCdoB, que foi agraciado em 2016 com apoio do PT à candidatura da deputada federal Alice Portugal na disputa pela prefeitura de Salvador como cabeça de chapa. O presidente do partido na Bahia, deputado federal Davidson Magalhães, também afirmou que os comunistas podem lançar candidato ao Senado (que pode ser a própria Alice) por uma chapa ‘independente’. “Hoje temos duas pessoas: Rui e [João] Leão [vice-governador]. Seria natural que Rui e Leão compusessem a chapa, mas depois disso tem duas vagas, que estão em debate como todo mundo”, afirmou o deputado.
Por Osvaldo Lyra e Guilherme Reis (editor e subeditor) | Tribuna da Bahia