Segundo Maurício Trindade, o projeto tem o objetivo de destinar um local específico para quem quer fazer eventos do gênero.
Som nas alturas, bebidas e muita sensualidade. Há algum tempo, os bairros populares de Salvador se tornaram palco para o movimento dos paredões, que tem como principal característica a presença de caixas de som de alta potência acopladas a carros ou em palcos. Um projeto de lei que tramita na Câmara Municipal propõe a regulamentação da festa, causando polêmica e dividindo opiniões.
“É uma zoadeira danada, baixaria. Só tem tiroteio, coisa ruim. Tem que acabar com tudo isso aí”, opinou a vendedora Débora Santos, que comemora o fato de morar na região da Sete Portas, onde, segundo ela, não há eventos com este tipo de equipamento sonoro.
A violência a qual Débora se refere tem marcado presença em muitas festas. O caso mais recente ocorreu na noite do último sábado (14), quando 10 homens armados chegaram atirando durante um “paredão” na Avenida Peixe, situada na Liberdade. Onze pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança e dois adolescentes. A Secretaria da Segurança Pública (SSP), já identificou os autores, que seriam de grupos ligados ao tráfico de drogas.
Já o frentista Danrlei Nascimento, frequentador assíduo desse modelo de festa, acredita que o “paredão” precisa ser legalizado. “Pra mim deveria liberar tudo. Não vejo nada demais, é só ter um espaço para esse som, como tem em Simões Filho e Camaçari. Não precisa fazer no meio da rua”, disse o jovem.
Apesar de morar na Liberdade, Danrlei afirma nunca ter participado de uma festa do seu bairro, mas sim de outras localidades, inclusive da Engomadeira, na qual ele garante que tem “paredão” todo domingo. O evento acontece sempre por volta das 22h, no meio da rua. Ainda conforme Danrlei, sábado é dia de curtir no São Gonçalo.
Projeto
Conforme o vereador Maurício Trindade (DEM), o projeto de lei de sua autoria tem como objetivo justamente acabar com a poluição sonora que existe na capital baiana, com a realização de festas na rua, utilizando som alto e sem qualquer autorização. “Nós queremos que os sons chamados “paredões” sejam em locais pré-determinados, distantes das residências e autorizados pela prefeitura, com horário de começar e acabar, limite de altura e com segurança privada”, explicou.
Para Trindade, o projeto surgiu da necessidade de atender o público que estava incomodado com o barulho e também de destinar um local específico para quem quer fazer eventos do gênero. A proposição ainda não tem data prevista para ser votada na Câmara, mas Maurício Trindade disse que já conversou com quase todos os vereadores e acredita no apoio da maioria para a aprovação.
Lojas faturam
Para além da polêmica sobre o local adequado de uso dos “paredões”, lojas especializadas na montagem e instalação do equipamento sonoro lucram com o novo nicho de mercado.