Em grupos de conversas, manifestantes afirmam que não irão aceitar proposta do Planalto e reivindicam que greve deve continuar.
Em grupos de conversas pelo WhatsApp, caminhoneiros reagiram imediatamente na noite deste domingo (27) às concessões do presidente Michel Temer, anunciadas durante pronunciamento. Eles rejeitam as medidas e reivindicam a continuidade da greve.
“Não podemos aceitar isso, é muito pouco”, disse um dos manifestantes, reiterando que os caminhoneiros continuarão com o movimento.
Outro motorista criticava, na troca de mensagens, o que considera pouca redução correspondente aos valores da Cide e do PIS/Cofins:
“O imposto da Cide é o único que realmente retorna para a população em forma de diesel para manutenção de estradas, ou seja, os motoristas e o povo pagando pelo roubo!”
Diante da redução de R$ 0,46 no preço do óleo diesel por 60 dias, medida anunciada por Temer, a reação também foi de rejeição.
“Temos 60 dias de garantia só…”, dizia um manifestante.
“Não aceitem essa esmola, ele (Temer) tá por fora”, afirmava outro.
A irritação também se dava porque os caminhoneiros entenderam que, no pronunciamento, Temer teria culpado o movimento pelo desabastecimento da população. “E ainda quis dizer que o que está acontecendo com o país é culpa nossa” afirmou um integrante de um dos grupos.
Entre caminhoneiros autônomos e não sindicalizados, a reação também foi de ceticismo. Participante de manifestação na BR-285, em São Luiz Gonzaga, no Noroeste, o motorista Bruno Tagliari relatou, às 22h de ontem, que o grupo parado às margens da rodovia não pretende se desmobilizar antes de ter uma garantia de que as promessas de Temer serão, de fato, cumpridas.
– A princípio não está nada definido. A única coisa certa é que não vamos nos desmobilizar enquanto não saírem publicadas as medidas no Diário Oficial da União. Só vamos levantar acampamento depois disso, porque, da última vez, o governo prometeu e não cumpriu– disse Tagliari.
O vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística, Frank Woodhead, avaliou que “a cada não que os caminhoneiros dão, a oferta fica melhor”.
– Teremos reunião ao meio-dia, mas se as rodovias estiverem desinterditadas e houver segurança, começaremos a operar. Muita gente vai fazer isso – indicou.