MAIS DESENVOLVIMENTO

Ministério não irá fracionar vacina de febre amarela para ampliar doses

Atualmente, a vacinação contra a doença é indicada como rotina em 3.529 municípios.

Ministério não irá fracionar vacina de febre amarela para ampliar doses

Após se reunir com a diretora da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), Carissa Etienne, em Washington, o ministro da Saúde, Ricardo Barros, disse, nesta segunda (10), que não haverá fracionamento das doses da vacina contra febre amarela no Brasil no cenário atual.

Segundo o ministro, a avaliação do governo brasileiro de que não há necessidade agora de adicionar diluente às vacinas para que sejam multiplicadas as doses foi julgada “correta” pela Opas no encontro desta segunda.

“Ficou acordado que não haverá o fracionamento no cenário atual”, disse Barros a jornalistas na capital americana. “Chegou-se à conclusão de que a tendência é de não haver necessidade de fracionamento, mas fatos novos podem alterar essa recomendação.”

Segundo Barros, os “fatos novos” que poderiam levar o governo a dividir as doses é se uma grande cidade entrar em área de recomendação de vacina, após apresentar um conjunto de fatores como pessoas com sintomas e confirmação de macacos mortos com suspeita de febre amarela.

Atualmente, a vacinação contra a doença é indicada como rotina em 3.529 municípios, de 19 Estados e Distrito Federal. Desde o início do ano, houve reforço de vacinação nos Estados de Minas Gerais, Espírito Santo e em algumas áreas de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia -locais onde foram registradas contaminações em humanos ou morte de macacos.

Barros, contudo, disse que o governo decidiu treinar as equipes para o fracionamento e ordenar a compra das seringas para o caso de precisar fazer a multiplicação das doses. “Adquirimos as seringas, estamos treinando o pessoal para o procedimento, já que é uma vacina subcutânea, e preparando um carimbo especial para a carteira [de vacinação].”

Segundo ele, o Brasil precisa de 20 milhões de doses, e hoje o país fabrica 6 milhões de doses por mês. “No fracionamento, teríamos em um mês a cobertura mais do que necessária para toda essa população. Isso não nos preocupa”, disse. Neste caso, cada dose teria que ser dividida em quatro para atender a demanda.

CERTIFICADO NO EXTERIOR

Questionado se outros países, como os EUA, podem passar a exigir o certificado internacional de vacinação contra a febre amarela, o ministro disse que “seria natural” a solicitação para quem está nas áreas de recomendação de vacinação.

“Se as pessoas estão nas áreas de recomendação de vacinação, seria natural que fosse solicitado. E também, para o caso de estrangeiros que vão visitar áreas onde há recomendação de vacinação, é normal que se faça exigência”, disse.

Barros justificou ainda a decisão do governo, anunciada na última semana, de adotar a dose única para proteção contra febre amarela. Até hoje, o esquema de vacinação era de duas doses, sendo a segunda recomendada dez anos após a primeira.

Segundo ele, a mudança é uma recomendação de 2014 da OMS (Organização Mundial de Saúde) que só o Brasil não havia adotado ainda. “Tecnicamente, não há recomendação da segunda dose. [Agora] o Brasil adotou a norma internacional e tiramos uma pressão sobre a demanda do sistema”, disse.

EXAMES NORMAIS

O ministro defendeu, nesta segunda, as declarações dadas por ele em um evento em Boston, no fim de semana, de que os exames de imagem que dão resultado normal são um “desperdício” para o SUS (Sistema Único de Saúde).

“Se temos filas de brasileiros que querem fazer exames, e temos muitos exames pedidos que dão resultado normal, este percentual de 80% de exames que dão resultado normal é muito alto em relação à média”, disse.

“É preciso que os médicos da atenção básica e os médicos especialistas façam um diagnóstico clinico mais atento, consultas mais demoradas [antes de pedir exames]”, completou.

Segundo Barros, se trata de uma “racionalização do processo”. “Há que se melhorar a gestão e estamos fazendo isso sem risco para a população”, afirmou.Membro do PP (Partido Progressista), o ministro não quis opinar sobre a decisão da Justiça Federal do Paraná de bloquear R$ 9,8 milhões em bens do PP, após um pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato, pelo desvio de recursos da Petrobras.

“Decisão judicial se cumpre, não se discute”, afirmou, acrescentando que os advogados do partido “estão tomando as providências”.

 

 

Veja também