Neste domingo, 7 , ex-presidente, de 73 anos, fecha os primeiros 12 meses de cumprimento da pena de 12 anos e um mês que lhe foi imposta na ação do triplex do Guarujá
O ex-presidente Lula completa neste domingo, 7, um ano na prisão da Lava Jato. Mais magro, ou ‘enxuto’, segundo a definição dos investigadores, o petista ocupa, desde 7 de abril de 2018, uma sala especial na sede da Polícia Federal em Curitiba, base e origem da grande operação.
O Comitê Lula Livre programa manifestações em protesto contra o encarceramento ‘político’ do ex-presidente. Movimentos populares e entidades de 16 países deverão realizar ‘ações articuladas’ na Jornada Internacional Lula Livre.
Na capital paranaense a caravana de manifestantes será engrossada por milhares de apoiadores do petista. Estão marcados dois grandes atos nacionais ’em defesa da democracia e pela liberdade de Lula’, um em Curitiba, outro em São Paulo.
Nesse um ano, Lula deixou a prisão uma única vez, para acompanhar o velório do neto Arthur, de 7 anos, em Santo André, na Grande São Paulo.
Um no depois da prisão, a defesa aposta em um recurso no Superior Tribunal de Justiça (STJ). Lula tenta reverter sua condenação no processo do triplex. O ex-presidente também está condenado em outra ação, do sítio de Atibaia, a 12 anos e 11 meses de reclusão, sentença imposta pela juíza federal Gabriela Hardt.
A saga do petista na maior investigação contra a corrupção já deflagrada no País começou bem antes daquela noite de 7 de abril de 2018 quando foi levado para a Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, onde cumpre pena de 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex.
Dois anos antes de ir para a cadeia da Lava Jato, Lula foi conduzido coercitivamente pela Operação Aletheia ao Aeroporto de Congonhas, em São Paulo. Em uma sala no Terminal, o petista prestou longo depoimento à Polícia Federal e negou que fosse dono do imóvel no Guarujá.
A primeira ação ostensiva da Lava Jato contra Lula foi deflagrada às 6hs de 4 de março de 2016. Naquele dia, a Operação Aletheia, 24.ª fase da investigação, foi ao apartamento do petista em São Bernardo do Campo cumprir mandados de busca e apreensão e de condução coercitiva ordenados pelo então juiz federal Sérgio Moro.
Lula foi levado a uma sala da PF no Aeroporto de Congonhas, onde começou a falar ao delegado Luciano Flores de Lima às 8h. O depoimento durou horas e foi marcado por forte tensão.
Na ocasião, o petista comparou o triplex na praia das Astúrias às unidades habitacionais do programa Minha Casa, Minha Vida tocado pela Caixa e se irritou ao responder a uma série de indagações sobre o apartamento do Guarujá. Lula insistiu que não era dono do imóvel.
“Quero saber quem vai pagar essa porra desse apartamento. Eu quero saber”, disse. “Eu acho que eu estou participando do caso mais complicado da história jurídica do Brasil, porque tenho um apartamento que não é meu, eu não paguei.”
– Quarta-feira, 16 de março de 2016
Menos de 15 dias depois da Operação Aletheia, Lula foi anunciado como ministro da Casa Civil da então presidente Dilma Rousseff. Após a nomeação do petista ao cargo, Sérgio Moro remeteu as conversas telefônicas do ex-presidente interceptadas pela Polícia Federal ao Supremo Tribunal Federal e levantou o sigilo dos áudios.
“Observo que, apesar de existirem diálogos do ex-presidente com autoridades com foro privilegiado, somente o terminal utilizado pelo ex-presidente foi interceptado e jamais os das autoridades com foro privilegiado, colhidos fortuitamente”, afirmou na ocasião o então magistrado, agora ministro da Justiça.
“Diante da notícia divulgada na presente data de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva teria aceito convite para ocupar o cargo de Ministro Chefe da Casa Civil, deve o feito, com os conexos, ser remetido, após a posse, aparentemente marcada para a próxima terça-feira (dia 22), quando efetivamente adquire o foro privilegiado, ao Egrégio Supremo Tribunal Federal.”
Foram grampeadas ligações de Lula com Dilma e também com o ex-prefeito do Rio Eduardo Paes, o ex-presidente do PT Rui Falcão, o presidente da CUT, Vagner Freitas, o irmão Vavá, o ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT) e seu advogado e compadre Roberto Teixeira.
Dilma não era alvo da investigação, mas caiu na interceptação ao ligar do Palácio do Planalto para seu antecessor.
“Nós temos uma Suprema Corte totalmente acovardada”, disse Lula a Dilma em um dos áudios. “Eu estou, sinceramente, estou assustado é com a república de Curitiba porque a partir de um juiz de primeira instância tudo pode acontecer nesse País, tudo pode acontecer.”
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