Apesar das repetidas manifestações de lealdade a Rui Costa (PT), por cuja reeleição diz que procuraria, inclusive, o MDB do ex-ministro Geddel Vieira Lima, preso na Papuda, o vice-governador João Leão está sendo cotado para assumir o ministério da Saúde do governo Michel Temer, em substituição a Ricardo Barros, do PP. A articulação partiria do próprio ministro, que vai deixar o cargo para disputar uma vaga na Câmara dos Deputados, e é um dos amigos mais próximos de Leão em Brasília, e passaria diretamente pelo filho do vice-governador, o deputado federal Cacá Leão, membro ilustre do PP da Bahia.
A informação sobre o novo destino que querem dar a Leão ganhou contorno de especulação em Brasília depois que o presidente nacional do PP, Ciro Nogueira, disse que o partido apoiaria a candidatura do presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), à Presidência da República, e, na Bahia, em seguida, o próprio Cacá classificou o democrata como um dos melhores quadros do país para disputar a sucessão presidencial, posicionamento que mereceu contenções da parte do governador Rui Costa (PT), ontem, e do ex-governador Jaques Wagner (PT), no dia de hoje.
O afastamento em relação ao grupo do governador da parte de Cacá e de outros parlamentares do PP da Bahia, a exemplo de Mário Negromonte Jr, é público e de longa data e só ainda não implodiu a relação do partido com Rui devido à resistência exercida pelo próprio vice e o deputado estadual Eduardo Salles, únicos a defenderem publicamente a aliança com o PT no partido. Foi sob este clima que Cacá foi transformado em relator da comissão de Orçamento, uma das mais importantes da Câmara, pelas mãos de Rodrigo Maia, que ainda indicou Alexandre Baldy para o ministro das Cidades, sob o compromisso de que ele se filie ao PP.
Na hipótese de Leão se tornar ministro de Temer, ele teria que romper com Rui e Cacá seria automaticamente “entronizado” como candidato a vice na chapa do prefeito ACM Neto (DEM) ao governo contra o atual governador. Atual secretário de Planejamento do Estado, Leão seria obrigado a deixar o cargo, mas não precisaria renunciar à posição de vice-governador. Fontes do PP informaram que Leão tem “se visto louco” com a pressão do filho e acredita hoje que a política lhe criou um problema doméstico sério, mas promete, “com todas as suas forças”, se opor à proposta.
A indicação de Leão ao ministério não envolve apenas a situação do PP em Brasília, mas também no Paraná, terra de Ricardo Barros. Com a decisão do governador Beto Richa (PSDB) de renunciar para concorrer ao Senado em outubro, a mulher do ministro, Cida Borghetti (PROS), atual vice, vai assumir o governo, numa operação que envolve um acordo entre o DEM, o PSDB e o PP. “Desde a nomeação de Baldy para o ministério das Cidades, PP e DEM estão jogando juntos em tudo. Na Bahia, não tem porque ser diferente, ainda mais que Neto, que vai assumir a presidência nacional do Democratas, é prioridade para o partido”, diz um deputado do grupo do prefeito.