De acordo com denúncia, pistoleiros fortemente armados tem ordens para “meter bala” em qualquer indígena que tente passar por fazendas
Povos indígenas Pataxó da Terra Indígena Barra Velha, próxima de Porto Seguro, no extremo sul da Bahia, denunciam cerco de fazendeiros feito com pistoleiros fortemente armados.
Há cerca de um mês, famílias vêm sendo impedidas de transitar pelas fazendas, – único acesso para às cidades e vias próximas – para realizar compras ou trabalhar, afirma a líder pataxó em carta enviada à Articulação dos Povos Indígenas, a Apib. Ainda conforme o relato, as saídas estão sendo fortemente vigiadas sob uma suposta ordem de que se “metesse bala” em qualquer indígena que tentasse passar por lá.
“Faz mês que não andamos mais livres pelo território e por onde saímos da aldeia, o único acesso são as fazendas”, escreveu Cleidiane Ponçada Santana, moradora da região há mais de 29 anos. “Não estamos conseguindo sair porque as entradas e estradas das comunidades estão sendo fiscalizadas por pistoleiros fortemente armados.”
A líder Pataxó pede socorro às autoridades diante a situação de cárcere. Segundo ela, uma intervenção do Estado é urgente antes que o conflito acabe em um massacre, como o acontecido em 1951, quando indígenas da mesma TI tiveram todas as casas incendiadas e foram torturados e mortos pela polícia acusados de crimes que não cometeram.
“Não temos apoio da polícia local, pois disseram que iam meter balas nos indígenas que colocasse o pé do outro lado da aldeia. A ordem era que metesse bala”, explícita em trecho do documento. “Mais uma vez, pedimos proteção e segurança. Não quero que ninguém da minha família ou um inocente pague”, suplica.
Em outro relato, o professor e morador da TI Wirianan Pataxó reforça a denúncia: “Os ataques são constantes por parte dos pistoleiros e milicianos da região. Tiros são ouvidos e [tem] muitos comentários de que vão invadir as aldeias”.