Eleito com 444 votos para conduzir a Casa até 2026. Deputado do Republicanos é conhecido pelo bom trânsito entre os colegas
A partir de ampla frente de partidos que foi formada em apoio à candidatura dele à Presidência da Câmara, o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) foi eleito com 444 votos, dentre os 513 deputados, e estará à frente da Casa pelos próximos 2 anos.
O agora ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) mantém o recorde de votos à Presidência da Casa, quando foi reeleito, em 1º de fevereiro de 2023 — 464 votos.
Motta é conhecido pelo ótimo trânsito na Casa, nos mais diversos espectros.
Os outros 2 candidatos, pastor Henrique Vieira (PSol-RJ) e Marcel van Hatten (Novo-RS) tiveram, respectivamente, 22 e 31 votos. Houve, ainda, 2 votos em branco.
O nome de Motta já era ventilado como possível aglutinador de forças desde muito antes de o presidente do Republicanos, deputado Marcos Pereira (SP), abrir mão da candidatura em prol do paraibano no início do ano passado.
MESA DIRETORA
Eleito, o novo presidente conduziu a votação dos demais cargos que compõem a Mesa Diretora da Câmara dos Deputados, que foi antes anunciada por Lira, após acordo entre os partidos. Leia como ficou:
• 1º vice-presidente: Altineu Côrtes (PL-RJ);
• 2º vice-presidente: Elmar Nascimento (União-BA);
• 1º secretário: Carlos Veras (PT-PE);
• 2º secretário: Lula da Fonte (PP-PE);
• 3ª secretária: Delegada Katarina (PSD-SE); e
• 4º secretário: Sérgio Souza (MDB-PR).
Suplência de secretários:
• Antonio Carlos Rodrigues (PL-SP);
• Paulo Foletto (PSB-ES);
• Podemos, com Dr. Victor Linhalis (ES)
• Paulo Alexandre Barbosa (PSDB-SP).
AGENDA PROPOSITIVA E O DIÁLOGO PODERES
Com discurso conciliador, Motta tem se apresentado como um candidato que buscará consenso “da extrema-direita à extrema-esquerda” e que combaterá a “agenda de radicalização”.
Embora, a bem da verdade e da realidade, na composição da Câmara, nenhuma força política representa a extrema-esquerda. Já a extrema-direita está representada pelos deputados alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
O candidato disse que a candidatura dele representa agenda propositiva e o diálogo com os demais Poderes.
CANDIDATO DE LIRA
No fim de outubro, Motta ganhou apoio formal importante do presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL). Na hora do anúncio de Lira, também estavam presentes o líder do PP, Dr. Luizinho (RJ), e o líder do MDB, Isnaldo Bulhões (AL).
Hugo Motta tem relação próxima com líderes partidários da Câmara, como o do PL, Altineu Côrtes (RJ), e do PT, Odair Cunha (MG). E desde então era praticamente certa vitória dele na Câmara, como de fato alcançou.
Com apenas 35 anos, o parlamentar é o mais jovem presidente da história da Câmara dos Deputados. Em 2010, ele foi o deputado federal mais jovem do Brasil, com apenas 21 anos — idade mínima permitida.
CONSTRUÇÃO DA CANDIDATURA
A candidatura de Hugo Motta foi lançada em 3 de setembro do ano passado, após o aval do presidente nacional do PP, o senador Ciro Nogueira (PI), e do deputado Dr. Luizinho (RJ), líder da legenda Câmara, mas ainda sem o apoio formal de Lira, que também é do PP.
À época, Lira sustentava apoio ao deputado Elmar Nascimento (União-BA), que também pretendia disputar a sucessão na Câmara.
Foram quase 2 meses de articulação até Motta conseguir o apoio oficial de Lira, que rompeu com o amigo Elmar Nascimento e convocou a imprensa para anunciar o endosso à candidatura do líder do Republicanos.
“Depois de muito conversar e, sobretudo, de ouvir, estou convicto de que o candidato com maiores condições políticas de construir convergências no Parlamento é o deputado Hugo Motta, nome que demonstrou capacidade de aliar pólos aparentemente antagônicos com diálogo, leveza e altivez”, disse Lira a jornalistas.
FATOR LIRA, APOIOS E COMPROMISSOS
Foi determinante para Lira bater o martelo, a quantidade de apoios que Motta conseguiu conquistar. Pouco antes do anúncio, ele teve reuniões com lideranças do governo e do PL. Ao governo, o parlamentar prometeu governabilidade. Ao PL, se comprometeu em receber lista com as pautas prioritárias para o partido.
Nem o resultado robusto do PSD nas eleições municipais de 2024 foi capaz de consolidar a candidatura de Antônio Brito (BA). Quase 2 semanas após a oficialização da candidatura de Motta, o parlamentar da Bahia abriu mão do pleito e anunciou apoio ao líder do Republicanos.
Nas negociações, o PSD saiu da disputa, mas ficou com a presidência da Comissão Mista de Orçamento.
No mesmo dia, Elmar Nascimento anunciou desistência, e o União Brasil se tornou o 17º partido a apoiar a candidatura de Motta. PL, PT, PP, Republicanos, MDB, PDT, Podemos, PSB, PSDB, PCdoB, Cidadania, PV, PRD, Solidariedade, Rede, PSD e União Brasil juntos somam 488 deputados — embora o voto seja secreto e individual.
Dos partidos representados na Casa, apenas Avante, PSol e Novo não declararam apoio ao candidato do Republicanos.
OLIGARQUIA POLÍTICA
O avô paterno de Motta, Nabor Wanderley, foi prefeito de Patos de 1956 a 1959. O pai do deputado, Nabor Wanderley Filho, é o atual prefeito e foi reeleito este ano para novo mandato.
Motta está no 4º mandato de deputado federal. Foi presidente do MDB Jovem, sigla pela qual foi eleito em 2010. Era titular na Comissão de Finanças e Tributação desde o primeiro mandato. Em 2014, presidiu o colegiado temático.