NOVA BAHIA 2024

Hospital no sul da Bahia é denunciado por usar nome de homem morto para cobrar cirurgia ao SUS

Além disso, unidade também é investigada por receber por outras cirurgias que não foram feitas.

Hospital e Maternidade Joana Moura é investigado pelo Ministério Público (Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)

Documentos apresentados ao Ministério Público mostram que o Hospital Joana Moura, no município de Guaratinga, no sul da Bahia, recebeu dinheiro do Sistema Único de Saúde (SUS) por cirurgias que não foram feitas. Nomes de pessoas que nunca foram atendidas na unidade de saúde, e de gente que já tinha falecido, estão nas listas de internação.

O valor de R$ 765,69 foi pago pelo SUS ao hospital para realizar uma cirurgia de lesões extensas em José Bonifácio. Essa é a informação que está nessa lista de Autorização de Internação Hospitalar (AIH). O documento é enviado pela prefeitura à Secretaria Estadual de Saúde, e especifica os procedimentos realizados, o período de internação e o valor de cada cirurgia.

Certidão de óbito de José Bonifácio Santana, que teria sido operado pelo hospital depois da morte (Foto: Reprodução/TV Santa Cruz)

O problema é que, de acordo com a lista, José Bonifácio ficou internado entre os dias 5 e 8 de abril deste ano, quase três meses depois da morte dele. “Meu tio, José Bonifácio Santana, faleceu no dia 27 de janeiro de 2017. Se porventura tem um outro José Bonifácio Santana que fez cirurgia, esse José Bonifácio Santana não é meu tio”, questiona Adauto Silva, sobrinho de José Bonifácio.

Além desta denúncia, uma mulher, que não quis se identificar, disse que o SUS pagou ao hospital R$ 1.817 reais por uma colectomia, cirurgia que teria retirado o cólon do intestino dela. Porém, ela garante que não fez nenhuma operação neste hospital. “Nem sei que cirurgia é essa”, disse.

Um outro rapaz que também teve o nome usado em uma suposta cirurgia ficou indignado com a situação. “Eu nunca precisei ficar internado nesse hospital, nem sei do que se trata isso aí que ‘tão’ dizendo aí é…Indignação que a gente fica”, conta.

As irregularidades foram descobertas pelo vice-prefeito da cidade, Ezequiel Xavier, que, ao olhar a lista, reconheceu o nome de pessoas que conhece e que nunca ficaram internadas no hospital Joana Moura.

“Guaratinga é uma lugar pequeno, a gente conhece todo mundo, e pelo nome a gente vai localizando um por um as pessoas, entendeu? E as pessoas confirmaram que não fizeram nenhuma cirurgia”, conta. A cidade tem cerca de 22 mil habitantes.
As irregularidades foram denunciadas aos ministérios públicos Federal e Estadual, que já abriram inquérito civil para apurar o caso. Durante a investigação, o MPE quer tentar identificar quem são os responsáveis pelo esquema conhecido como “máfia das AIH’s”.

“Recebemos a representação, que é constituída com documentos públicos, que foi trazida até o Ministério Público, e nós temos um prazo de 30 dias para deliberar quais são as medidas cabíveis em relação a esses documentos. E dentro desse prazo legal, regulamentar, nós iremos tomar as medidas cabíveis”, disse o promotor Helber Batista.

O secretário de Saúde de Guaratinga, Rodrigo Reis, disse que pediu a abertura de uma sindicância interna para apurar as denúncias. “Nós vamos apurar, e se isso proceder, se isso for verídico, as pessoas serão penalizadas porque nossa administração é uma administração de transparência que a gente não aceita coisas erradas”.

O Ministério Público Estadual disse que vai solicitar à Secretaria Estadual da Saúde a abertura de uma auditoria para investigar essas denúncias.

SIEL GUINCHOS

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