O presidente disse que se trata da lei da oferta e da procura e que não pode interferir nos preços
Diante a elevação do preço da carne devido ao boom de importação da China, o presidente Jair Bolsonaro disse a apoiadores neste sábado (30) que o valor cairá “daqui a algum tempo”.
Ao chegar ao Palácio da Alvorada no fim da tarde, Bolsonaro não falou com os jornalistas, mas desceu do carro para falar com pessoas que o aguardavam sob uma leve chuva, em uma área cujo acesso é proibido à imprensa.
Um dos apoiadores se identificou como pecuarista de Goiás e agradeceu ao presidente a elevação do preço da arroba do boi, afirmando que, graças ao aumento, os produtores estavam podendo investir.
“Presidente, o senhor vai ficar na história. O que aconteceu conosco, desses 60 dias para cá, vai ficar na história do Brasil. Com este aumento da arroba que está hoje, isso, para nós que somos pecuaristas, vai entrar para a história”, insistiu o homem.
“Tivemos uma pequena crise agora, mas vai melhorar”, afirmou Bolsonaro.
O presidente Jair Bolsonaro, no Alvorada, conversa com grupo de apoiadores Reprodução O presidente em entrevista na porta do Palácio do Alvorada, diante de um grupo de apoiadores, quando disse que “Eu não quero ler a Folha mais. E ponto final. E nenhum ministro meu. Recomendo a todo Brasil aqui que não compre o jornal Folha de S.Paulo. Até eles aprenderem que tem uma passagem bíblica, a João 8:32 [E conhecerão a verdade, e a verdade os libertará]. A imprensa tem a obrigação de publicar a verdade. Só isso. E os anunciantes que anunciam na Folha também.” “A carne aqui, internamente, daqui a algum tempo, acho que vai diminuir o preço”, disse o presidente ao pecuarista.
Em seguida, Jair Bolsonaro voltou-se aos demais apoiadores, “para deixar bem clara a questão do preço da carne”.
O presidente disse que se trata da lei da oferta e da procura e que não pode interferir nos preços.
“Eu não posso tabelar, inventar. Não vai dar certo”, afirmou o presidente.
As importações de carnes do Brasil para China subiram e a arroba do boi foi elevada nas últimas semanas, o que levou o repasse a chegar nas gôndolas.
A tendência é que o movimento de alta deve continuar, pressionando os preços para as festas de fim de ano.
A Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), que faz pesquisa de preços semanalmente no município de São Paulo, apontou que, na segunda quadrissemana de novembro (acumulado em 30 dias), as carnes bovinas subiram, em média, 4,2%.
O contrafilé, por exemplo, subiu 5,86%, e a alcatra 3,63%. A picanha subiu menos, 0,32%. Os dados foram divulgados no último dia 19.
O mercado de boi tem refletido a alta demanda para a exportação. Recentemente, os preços em São Paulo atingiram máximas nominais, de R$ 166,50 por arroba, superando recordes de abril de 2016, segundo levantamento do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).
Além de russos e chineses, que vêm realizando a habilitação de mais frigoríficos brasileiros para exportação, novos mercados ganharam espaço no setor de carnes do país, como Turquia e Indonésia.
Em uma transmissão ao vivo pelas redes sociais na quinta-feira (28), Bolsonaro já havia dito que seu governo não pretende tomar medidas de controle de preço.
“A China perdeu metade da sua população de porcos [para a gripe suína]. Hoje em dia metade da população já é urbana, e 1/3 é de classe média. Agora, o preço da carne da China, quem compra lá, fazendo a transformação da moeda lá daqui, é mais cara que aqui. Agora, não podemos tomar medidas aqui que não deram certo em nenhum lugar do mundo: tabelar preços, obrigar a exportar menos. É a livre concorrência, daqui a pouco volta ao normal”, disse na quinta.
“Quando esclarecemos o assunto, mostrando exemplos, a população se mostra receptiva a possibilidade de instalação de uma Usina Nuclear. Isso mostra que a negação vem pela falta de conhecimento do tema por algumas pessoas, e dizer não a um investimento de tamanha capacidade de transformação positiva na vida dos cidadãos, principalmente uma população tão sofrida como os sertanejos, é negar a melhoria de vida de milhares de pessoas. Dizer não a Usina é dizer não a vida”, afirmou Feitosa.
Fonte: Folhapress