O ex-presidente participou na noite de ontem (15), do Fórum Social Mundial, no estádio de Pituaçu.
A edição do Fórum Social Mundial 2018, que reúne organizações e movimentos sociais de todo o mundo na resistência contra o avanço das forças neoliberais e suas investidas contra as jovens democracias na América Latina, chegou ao ápice na noite de ontem no Estádio de Pituaçu, em Salvador, onde aconteceu a Assembleia Mundial das Democracias. A grande estrela da noite foi o ex-presidente Lula. “Eles acham que ‘abusamos’ muito da democracia no nosso continente. Não foi pouca coisa o que fizemos na América Latina. […] Eles não querem uma América Latina desenvolvida. É por essas coisas que nós estamos sofrendo. Por isso que cassaram a Dilma, o Lugo. Por isso que perseguem a Cristina. Porque nós queremos criar uma nação com soberania”, vociferou o petista.
Ele foi saudado por militantes locais ao som dos brados “Lula, guerreiro, do povo brasileiro” e foi bastante assediado por políticos. De acordo com a coluna Esplanada, publicada pela Tribuna, essa foi a última aparição pública do petista antes de ser preso para cumprir pena pela condenação do caso do Triplex no Guarujá. No palco, Lula elogiou a quantidade de jovens presentes no evento e lhes deu um conselho: “Não se preocupe com a quantidade de votos que você tem na eleição. Eu perdi três eleições ao longo de minha trajetória”. E mandou um recado para a pré-candidata do PCdoB: “Manuela, não desista nunca, faça a campanha. […] No que depender de mim, você será tratada como candidata e também como minha filha”.
Lula também prestou solidariedade a Jaques Wagner, que recentemente foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal: “O que me trouxe aqui além do Fórum Social Mundial foi a canalhice que fizeram com o companheiro Jaques Wagner quando invadiram a casa dele. Galego, faça como eu: não baixa a cabeça”. Ele também atacou o Grupo Globo: “Tudo que eu queria na vida era disputar com um candidato da Globo. Se eles querem ganhar, que disputem a eleição”.
E finalizou: “Não adianta me perseguir! Não adianta tentar me impedir de ser candidato. Vocês têm que ter medo é dos milhões de Lulas. Querem me prender? Eu falarei pela voz de vocês! […] Eles têm que responder por que uma criança tá indo dormir sem tomar leite. Eu sei o que eles querem comigo. Eu sei o que eles querem com o PT e com a esquerda. Eles não vão vencer. […] A minha tranquilidade é a tranquilidade da minha inocência. Eu vou lutar, vou lutar e vou lutar! Enquanto eu viver estarei do lado de vocês”.
O governador Rui Costa, que discursou pouco antes de Lula, defendeu o direito do aliado ser candidato. “É um fórum de afirmação da democracia, do povo brasileiro e dos povos do mundo inteiro. Quero saudar aqui o este que está no coração do povo como o maior presidente da história desse país”, disse o governador. “Eles querem impedir na urna quem será o novo presidente da República. Digo, presidente, que vamos fazer o que eu aprendi na favela e no movimento sindical: vamos apresentar esperanças para esse povo”.
Evento tem tumulto e homenagens para vereadora
Um princípio de confusão aconteceu por volta das 18h. Aos gritos de “tira a grade, apartheid”, o público que aguardava do lado de trás das grades de proteção invadiu uma área reservada para convidados. Seguranças tentaram conter o tumulto, mas não conseguiram. Os militantes pularam e avançaram para a área onde estavam as cadeiras. A morte da vereadora do PSOL do Rio, Marielle Franco, executada junto com o seu motorista, repercutiu ao longo do dia no Fórum Social Mundial e também foi o assunto da noite. O público presente público rendeu homenagem a edil. “Marielle é mais uma vítima do golpe que atingiu o Brasil. Um golpe que está colocando o povo brasileiro para sofrer. Acredito que o povo dos países da América Latina estão tristes também. Por isso é importante a nossa resistência. O golpe no Brasil é contra os direitos sociais mínimos”, disse Gleisi Hoffmnn.
“Há 17, nós acreditávamos que estávamos construindo um novo mundo. E esse fórum, 17 anos depois, nós hoje temos um fórum que celebra a nossa unidade para resistir a todas as ameaças contra a democracia no Brasil e no nosso continente. A nossa noite é de pesar profundo pela morte de Marielle. Mas também é a oportunidade de transformar o luto em luta”, disse Manuela D’Ávila.