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Dólar dispara a R$ 5,85 após corte robusto na Selic e pressão na política

O dólar superou máximas históricas nesta quinta-feira, chegando a se aproximar de 5,80 reais nos primeiros negócios da sessão, com os investidores reagindo ao corte da taxa Selic a nova mínima de 3% depois que o Copom adotou postura mais ‘dovish’ do que o esperado.

Às 11h11, o dólar avançava (USDBRL) 2,41%, a 5,8517 reais na venda. Nos primeiros minutos após a abertura dos mercados, a cotação foi à máxima recorde de 5,7955 reais na venda.

Enquanto isso, na B3, o contrato mais líquido de dólar futuro tinha alta de 0,53%, a 5,7595 reais.

O Banco Central cortou na quarta-feira a taxa básica de juros à mínima histórica de 3% ao ano — redução de 0,75 ponto percentual, mais forte do que a prevista pelo consenso de mercado — e sinalizou uma última diminuição à frente para complementar o estímulo monetário necessário em meio aos impactos da pandemia de coronavírus na economia.

“O dólar opera mais fraco no exterior hoje, mas aqui é diferente, porque, com a decisão do Copom, a tendência do dólar é ficar mais estressado”, disse à Reuters Álvaro Bandeira, economista-chefe do banco digital Modalmais, citando surpresa dos mercados após um corte acima das expectativas medianas.

Uma pesquisa feita pela Reuters com 26 economistas mostrou que todos esperavam redução de 0,50 ponto na última reunião do Copom.

Brasília BCB Banco Central

O BC ressaltou a elevada incerteza do momento e afirmou que, no cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções (Imagem: Agência Brasil)

Em nota, a XP Investimentos disse que, “no comunicado emitido logo após a reunião, o BC ressaltou a elevada incerteza do momento e afirmou que, no cenário básico para a inflação, permanecem fatores de risco em ambas as direções. No entanto, interpretamos que os argumentos expostos são majoritariamente ‘dovish’ (ou seja, reforçam o cenário de mais cortes de juros adiante)”.

O BC afirmou em comunicado que uma nova redução não deve ser maior que a adotada na quarta-feira, de 0,75 ponto, indicando que a Selic não deve cair aquém do patamar de 2,25% ao ano.

Em nota, o Bradesco avaliou que o futuro da taxa “dependerá, essencialmente, da combinação de dados econômicos, preços de commodities e da resposta da taxa de câmbio ao ambiente global, doméstico e à própria queda de juros”.

De fato, a redução sucessiva da Selic a mínimas históricas tem surtido efeitos consideráveis sobre a moeda brasileira. Quanto menores os juros, menos rentáveis são os investimentos locais atrelados à Selic, o que torna o Brasil menos atraente para o investidor estrangeiro quando comparado a países emergentes de risco parecido.

O ambiente de juros baixos, combinado ao clima político tenso após a saída de Sergio Moro do cargo de ministro da Justiça e à devastação econômica decorrente da pandemia de coronavírus, já deixa o dólar em alta de quase 45% ante o real no ano de 2020.

Enquanto isso, no mercado internacional, divisas emergentes ou ligadas a commodities, como peso mexicano, lira turca, rand sul-africano e dólar australiano, avançavam contra a moeda norte-americana. Outros ativos arriscados também ganhavam força após dados chineses melhores do que o esperado impulsionarem o apetite por risco.

Fonte: Money Times

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