Primeiro presidente denunciado no exercício do mandato, Michel Temer (PMDB) enfrentará na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) o primeiro desafio para mostrar que terá força política para permanecer no cargo. Ele já apresentou a sua defesa em um documento com onze capítulos, que pretende desmontar os argumentos do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que o acusou por corrupção passiva. Agora, o relator do processo, deputado Sérgio Zveiter (PMDB-RJ), terá o prazo de cinco sessões para elaborar um parecer sobre a denúncia.
Depois, os 66 deputados que compõem a CCJ deverão votar o relatório de Zveiter, que pode recomendar a aceitação ou o arquivamento da acusação. Por meio de gabinete, assessoria e telefones pessoais, todos foram procurados por VEJA para discutir o assunto. Até agora, a considerável maioria não responde como deve votar – entre indecisos e deputados que preferem não se manifestar.
Entre os mais abertos a tratar do assunto, estão os parlamentares que já decidiram defender a aceitação da denúncia, concentrados em partidos como PT, PDT e até PSDB, que integra a base do governo. Contando com uma maioria de deputados da base aliada na comissão, o governo acredita que conseguirá vencer essa primeira batalha, mas a pouca disposição dos parlamentares para assumir publicamente a defesa de Temer pode ser um alerta amarelo para o governo.
Independentemente do resultado na CCJ, haverá uma nova votação em plenário. Lá, os opositores do presidente precisarão de 342 votos para aprovar a denúncia. Confirmada pela Câmara, a acusação vai para o Supremo Tribunal Federal (STF) que, se decidir recebê-la, transformará Temer em réu e o afastará por até 180 dias, prazo que a Corte terá para julgá-lo. Durante esse período, o cargo é assumido interinamente por Rodrigo Maia (DEM). Condenado, o peemedebista sai definitivamente; absolvido, reassume. (redação veja)