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Candidatas que não receberam voto não sabiam que concorriam

De 24 candidaturas sem votos, 21 são mulheres. Lei eleitoral obriga que cada partido ou coligação lance ao menos 30% de candidaturas de cada sexo para deputado.

Ao todo, 24 candidatos inscritos nas eleições deste ano não receberam nenhum voto. Do total, 21 são mulheres. Três delas – Renata Dama (PMB-RR), Wandna da Silva (PRP-RR) e Mariely Sena (PTC-AP) – afirmam que sequer sabiam da candidatura.

Renata Dama disse ao ‘G1’ que ficou sabendo da sua candidatura por meio de uma amiga, que viu o nome dela no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

“Uma pessoa [do partido] veio até a mim perguntando se eu era filiada e eu disse que era, e essa pessoa me falou que precisava completar ‘X’ número do sexo feminino para completar a legenda (…) Perguntei se eu iria concorrer, e me disseram que eu não ia concorrer, que eu só ia completar a inscrição” (…) Não chegaram em mim dizendo: ‘olha, você vai ser candidata”, contou Renata.

Ela disse ainda que abriu uma conta corrente no banco e tirou foto, que são exigências para a candidatura, mas não sabia que estava na disputa. “A princípio, não era pra eu concorrer. Fiz a inscrição, mas não… Na realidade, fui enganada.” A candidata disse que vai se desfiliar do partido.

Consultada pelo site, a presidente do PMB em Roraima, Sandra Santos, admitiu que a sigla buscou mulheres filiadas para que elas se candidatassem, mas afirmou que todas sabiam o que estava sendo feito e que não são candidatas “laranjas”, lançadas para cumprir a cota feminina no partido. Ainda segundo Sandra, o PMB não financiou as campanhas, mas deu santinhos a quem solicitou.

Já Wandna da Silva, que foi cadastrada na urna como Wandna do Santa Cecília, negou candidatura a deputada estadual e afirmou que vai procurar a legenda. “Eu me filiei só ao partido. Eu não saí como candidata. Pra mim estava só como se eu tivesse filiada, por isso que votei em outra pessoa”, disse ela.

O PRP em Roraima não respondeu às tentativas de contato.

A terceira candidata que falou com o ‘G1’, Mariely, também afirma que não sabia que concorria ao cargo de deputada estadual:

“Até no momento eu queria vir pra deputada estadual, só que eu não tive recurso para arcar com os materiais da campanha. Aí o partido ficou de me passar um dinheiro, mas eu não tive acesso, por isso que no último instante não houve material de campanha. Até você pode ver a foto, que não tem número, aí não teve como eu vir fazer campanha e conquistar votos, porque eu moro no Pracuúba e pra cá é bem distante de Macapá. Até aí foi me repassado isso, que deu problema no comprovante de residência. Só isso que posso lhe informar”.

A direção do PTC no Amapá também foi procurada, mas não se pronunciou.

O maior número de candidaturas sem votos é do Amapá (6); seguido de Acre e Roraima (5 candidatos cada); Rondônia (3); Ceará, Maranhão, Pará, Rio Grande do Norte e Rio de Janeiro (1). Todos disputaram vagas nas assembleias legislativas.

Lei

A legislação eleitoral obriga que cada partido ou coligação lance ao menos 30% de candidaturas de cada sexo para o cargo de deputado. O objetivo da regra é aumentar a participação feminina na política.

Segundo dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), as mulheres são cinco em cada dez eleitores, mas apenas 3 em cada 10 candidatos.

Nas últimas eleições federais, em 2016, as candidaturas de mulheres com zero voto foram investigadas. Quando é comprovada fraude, todas as candidaturas envolvidos nas chapas devem ser cassadas.

SIEL GUINCHOS

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