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Campanhas veem internet como canal para polarizar discurso

Nas últimas eleições, a ação nas redes sociais replicou em grande parte a tradicional polarização entre PT e PSDB

Diante da expectativa de uma campanha mais pulverizada no rádio e na televisão nas eleições 2018, as principais campanhas ao Palácio do Planalto enxergam na internet um canal para tentar difundir o discurso de polarização. De acordo com integrantes de algumas das campanhas melhor posicionadas na disputa pelo Palácio do Planalto, a tendência é que o horário eleitoral gratuito seja usado prioritariamente para peças que visem construir positivamente a imagem dos candidatos, enquanto eventuais ataques aos adversários tendem a se difundir na web e nas redes sociais.

Nas últimas eleições, a ação nas redes sociais replicou em grande parte a tradicional polarização entre PT e PSDB. Neste ano, entretanto, o cenário tende a mudar, na avaliação do secretário de Comunicação do PT, Carlos Árabe. Segundo ele, a presença do PT na rede se dá graças à uma militância digital grande e atuante. “Além da nossa, só tem a da extrema-direita, que é representada por Jair Bolsonaro”, compara, em referência ao presidenciável do PSL. Ele acrescenta que a polarização que vai marcar as eleições deste ano terá como consequência o grande engajamento da juventude. “Então, temos investimento enorme nesse grupo pela internet”, disse. Apesar disso, o dirigente petista não crê que as redes serão capazes de se contrapor aos meios de comunicação ou ao horário eleitoral. “Acreditamos muito na importância da internet, mas ela não será uma tábua de salvação, não vai compensar a desigualdade que observamos na cobertura dos meios comerciais”.

A opinião é compartilhada pela campanha do tucano Geraldo Alckmin. Segundo um dos encarregados de montar a estratégia de comunicação do ex-governador, é difícil imaginar que o Brasil conheça um fenômeno parecido com a de eleições recentes de outros países como Estados Unidos e França, onde as redes tiveram papel importante, uma vez que essas nações não oferecem horário gratuito eleitoral. “A TV é tão poderosa no Brasil que define na cabeça do eleitor quem são os candidatos e qual é a importância deles no cenário eleitoral”, afirma. O integrante do estafe de Alckmin concorda que as redes e seus produtos específicos — como memes e os “discursos apócrifos” ou fake news — servem mais para desconstruir a imagem dos candidatos e acabam beneficiando aqueles de postura mais radical, “que fazem mais barulho”. “Mas isso não reflete a postura da sociedade como um todo”, salienta.Essa característica de polarização na internet é expresso nos levantamentos feitos pela Diretoria de Análise de Políticas Públicas (Dapp) da Fundação Getúlio Vargas (FGV) para o Estadão/Broadcast. O ex-presidente Lula (PT), condenado e preso pela Operação Lava Jato e o deputado Jair Bolsonaro (PSL) — lados opostos do espectro político — lideram e com folga o ranking de presença online. Seus nomes têm gerado rotineiramente, ao longo do ano, entre 30 mil e 40 mil tuítes por semana, em média, ao passo que os próximos três melhores colocados — Ciro Gomes (PDT), Marina Silva (Rede) e Geraldo Alckmin (PSDB) – usualmente geram menos de 10 mil menções.

 

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