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Calor no Irã ultrapassa o limite da sobrevivência humana

Nos últimos dias, o Oriente Médio registrou 66,6ºC, nível suficiente para sobrecarregar a capacidade do corpo de regular sua temperatura interna

Calor — Foto: Freepik

O aquecimento global acelerado tem provocado temperaturas recordes nos últimos dias e ligado o alerta sobre os perigos que se espera que se tornem mais prevalentes à medida que aumentem os extremos de calor e umidade.

Por exemplo, a China estabeleceu uma alta histórica de 52,2ºC; e o Vale da Morte, na Califórnia, nos Estados Unidos, atingiu 53,3ºC, apenas dois graus a menos que a temperatura mais alta medida na Terra nos últimos 90 anos. O pior índice foi registrado no Oriente Médio: alarmantes 66,6ºC, considerados quase no limite para a sobrevivência humana.

Segundo especialistas, essas ondas de calor são mais do que suficientes para sobrecarregar a capacidade do corpo de regular sua temperatura interna. Nós até contamos com um sistema de refrigeração próprio para suportar o calor — a transpiração. Contudo, ele tem seus limites.

“O suor só é eficaz para resfriar nossos corpos se evaporar”, explicou Larry Kenney, professor da Universidade Estadual da Pensilvânia que estuda as respostas fisiológicas ao calor, ao jornal The Washington Post. “O suor que se acumula na pele ou escorre representa desidratação, sem qualquer efeito de resfriamento.”

Pesquisas relevam que o corpo humano perde sua capacidade de se resfriar por meio da transpiração aos 35ºC, em uma escala conhecida como temperatura global de bulbo úmido, que leva em consideração uma combinação de temperatura, umidade, velocidade do vento, ângulo do sol e nuvens cobrir.

Mas um estudo que Kenney publicou no ano passado estima que os sistemas de resfriamento do corpo – mesmo em pessoas jovens e saudáveis – já lutam com uma temperatura global de bulbo úmido perto dos 31ºC. Nesse ponto, a exposição ao calor e umidade pode sobrecarregar o coração e fazer com que a temperatura do corpo suba sem parar.

Temperaturas perigosas

No domingo (16), no Aeroporto Internacional do Golfo Pérsico, no Irã, as temperaturas do ar ultrapassaram 37,7ºC e o ar estava quase saturado de umidade, resultando em uma temperatura de bulbo úmido de 33,7ºC. Em todo o sudoeste e sudeste dos Estados Unidos, as temperaturas do bulbo úmido oscilaram entre 26,6ºC e 32,2ºC na segunda-feira (17).

Um estudo publicado em 2020 por cientistas da Universidade de Columbia, do Instituto de Tecnologia da Califórnia, ambos dos EUA, e da Universidade de Loughborough, do Reino Unido, descobriram que temperaturas de bulbo úmido perigosamente altas estão ocorrendo com mais que o dobro de frequência desde 1979.

E, este ano, as condições extremas estão se dão ao lado de um grande aumento do calor global, provocado pelo El Niño e os gases do efeito estufa.

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