Em 11 meses, 170 mil toneladas da produção foram parar no exterior
De janeiro a novembro de 2023, os produtores baianos registraram um aumento significativo nas exportações de frutas, alcançando 170 mil toneladas e gerando um fluxo financeiro de R$ 1,05 bilhão, com um incremento de 37% comparado ao mesmo período em 2022. Destaque para as produções de manga e uva. Além dessas, houve crescimento no embarque de frutas como abacaxi, damasco, figo, goiaba, mamão, melancia, limão e lima, de acordo com o Ministério da Agricultura e Pecuária (Agrostat/Mapa).
A Abrafrutas (Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frutas e Derivados) sinaliza que os governos estadual e federal, e entidades representativas do setor, têm feito ultimamente um trabalho muito focado em abertura de novos mercados para as frutas brasileiras, para o aumento da diversificação dos destinos. De acordo com o presidente, Guilherme Coelho, o principal fator que impulsionou a exportação foi o preço do setor em 2023, principalmente para os produtores do Nordeste, que se beneficiaram.
“Para a uva, nos onze meses do ano, foram exportadas cerca de 62,3 mil toneladas, um aumento de 44% em relação ao mesmo período de 2022. Em termos dos valores, em novembro de 2023 foram cerca de 60,8 milhões de dólares (US$). Já em mangas, foram exportadas cerca de 266 mil toneladas, um aumento de 15,01% em relação ao mesmo período de 2022. Contudo, ficou 2,37% abaixo do recorde histórico de 2021. Em termos dos valores das exportações, em dezembro foram US$ 37,8 milhões”, afirma o presidente da Abrafrutas.
Anderson Ferreira, produtor de manga na região de Maniçoba, conhecida como capital da manga, localizada há 535 km do Terminal de Contêineres de Salvador (Tecon), ressalta que as exportações da fruta, assim como o seu plantio, aumentaram nos últimos anos. Ferreira também menciona que mesmo com uma dificuldade na logística de chegada até o terminal, ainda assim, a região tem destaque na produção e exportação.
“Um fator positivo para o aumento da nossa produção é a composição do solo, que além da riqueza em nutrientes, nos dá a opção de escolha do terreno adequado, seja ele arenoso, argiloso ou misto. O indicado é que antes de qualquer plantio ou produção seja realizada a análise de solo, para saber qual nutriente em abundância existe no local. Já na questão da logística, (a baixa infraestrutura) ) acaba nos afetando mais, pois todos os custos vão para as mãos do produtor, como o frete alto”.
Para o produtor de uva na região de Juazeiro, Luiz Soares, a comercialização de uva de mesa nos mercados interno e externo no ano de 2023 foi diferenciada, em preços e volumes.
“O ano foi muito propício, o clima ajudou e muitos produtores aproveitaram para investir nas propriedades com a implantação de novas variedades, mais atrativas para o mercado consumidor”, explica Soares.
O produtor destaca também que, para melhor lidar em uma produção voltada para um mercado externo, é fundamental que haja uma cooperação e uma melhor logística.
Outras culturas
“Os produtores se agregam em cooperativas, associações, sindicatos e entidades representativas para melhor se colocarem no mercado, defender seus interesses e agregar serviços e oportunidades ao negócio”, afirma.
O presidente da Abrafrutas aponta que entre as dez principais frutas exportadas em 2023 estão ainda limão, melão, melancia, mamão, abacate, maçã e banana, além das conservas e preparações de frutas. Segundo dados das Estatísticas de Comércio Exterior (Comex Stat), foram exportadas 153.520,01 toneladas de limões, 54.610,36 toneladas de bananas e 25.675,24 toneladas de abacates.
Para o agricultor José de Jesus, que produz banana prata, banana da terra, laranja, limão, jaca, abacate, e cacau em Camaçari, de fato houve um aumento nas suas vendas de limão, banana e abacate, mesmo sendo comercializados para um consumidor direto na região metropolitana de Salvador. Ele acredita que a exportação influencia nas vendas também do mercado interno.
“Vendo direito para o consumidor, além de fazer entregas para o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA) e o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), que é destinado a merenda escolar de Camaçari. A demanda por essas frutas aumentou em 2023, e com certeza o impacto da exportação movimenta a economia do estado”.
O agricultor diz ter vontade de ampliar a produção para exportar para o mercado externo.
Em 2024, o presidente da Abrafrutas acredita que a diversidade das frutas siga em destaque na exportação, com projeções positivas até 2027.
“A fruticultura tem respostas positivas para um dos maiores problemas do planeta que é a insegurança alimentar. O órgão correspondente ao Ministério da Agricultura dos Estados Unidos projetou uma demanda de alimentos para 2027 elevada, e que o mundo espera que a oferta de alimentação seja atendida em 41% pelo Brasil, o que impulsiona a exportação pelos produtores do País”, fala Guilherme Coelho.
*Sob a supervisão do editor interino Fábio Bittencourt