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Emocionado, Lula critica desigualdade social e discriminação

Presidente se comprometeu a fazer um governo conciliador e disse que vai governar para todos

Lula, ao lado da primeira-dama Rosângela Silva, se emociona em discurso – Foto: Evaristo Sá | AFP

Logo após se emocionar recebendo a faixa presidencial de um grupo de pessoas representantes do povo brasileiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) discursou no alto da rampa do Palácio do Planalto criticando a desigualdade social no país, a discriminação racial e de gênero e as ações que pretende tomar para superar esses temas, como políticas de combate à pobreza e à fome, bem como a criação do Ministério da Igualdade Racial e o Ministério das Mulheres.

“A fome é filha da desigualdade, que é mãe dos grandes males que atrasam o desenvolvimento do Brasil. A desigualdade apequena este nosso país de dimensões continentais, ao dividi-lo em partes que não se reconhecem. Juntos, somos fortes. Divididos, seremos sempre o país do futuro que nunca chega, e que vive em dívida permanente com o seu povo. Se queremos construir hoje o nosso futuro, viver num país plenamente desenvolvido para todos e todas, não pode haver lugar para tanta desigualdade”, apontou o petista.

Com a voz embargada e interrompido pelas lágrimas, o presidente descreveu a situação da extrema pobreza que voltou a crescer no país nos últimos anos. “Há muito tempo não víamos tamanho abandono e desalento nas ruas. Mães garimpando lixo, em busca do alimento para seus filhos. Famílias inteiras dormindo ao relento, enfrentando o frio, a chuva e o medo”.

“Fila na porta dos açougues, em busca de ossos para aliviar a fome. E, ao mesmo tempo, filas de espera para a compra de jatinhos particulares. Tamanho abismo social é um obstáculo à construção de uma sociedade justa e democrática, e de uma economia próspera e moderna”, declarou aos prantos, salientando que “é inadmissível que os 5% mais ricos detenham a mesma fatia de renda que os demais 95%”.

O presidente, então falou a respeito da importância do combate à discriminação racial para que haja desenvolvimento social no país. “Ninguém terá mais ou menos amparo do Estado, ninguém será obrigado a enfrentar mais obstáculos pela cor de sua pele”.

“Foi para combater a desigualdade e suas sequelas que nós vencemos a eleição. Esta será a grande marca do nosso governo. Dessa luta fundamental surgirá um país transformado. Um país de todos, por todos e para todos. Um país generoso e solidário, que não deixará ninguém para trás”, prometeu.

Lula também aproveitou o discurso para mandar um recado ao mercado de que seu governo não será de “gastança”, mas de investimentos. “Nos nossos governos, nunca houve nem haverá gastança alguma. Sempre investimos, e voltaremos a investir, em nosso bem mais precioso: o povo brasileiro”.

Sem revanchismo

Antes de descrever as ações que pretende desenvolver em seu mandato, o presidente adotou um tom conciliador, dizendo que vai governar para todos e não apenas para quem o elegeu, mas lembrou os atos extremistas de quem não aceitou o processo eleitoral. “Quero me dirigir também aos que optaram por outros candidatos. Vou governar para os 215 milhões de brasileiros e brasileiras, e não apenas para quem votou em mim. Vou governar para todas e todos, olhando para o nosso luminoso futuro em comum, e não pelo retrovisor de um passado”.

“A ninguém interessa um país em permanente pé de guerra, ou uma família vivendo em desarmonia. É hora de reatarmos os laços com amigos e familiares, rompidos pelo discurso de ódio e pela disseminação de tantas mentiras. O povo brasileiro rejeita a violência de uma pequena minoria”, argumentou.

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