Para júbilo dos parlamentares, especialmente os do PMDB de Michel Temer e do chamado Centrão, onde se agrupavam os principais aliados do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de triste memória, o Congresso transformou-se num dinâmico balcão de negócios após a denúncia do procurador geral da República, Rodrigo Janot, contra o presidente da República.
Ciente do seu poder, o presidente da Comissão de Constituição de Justiça, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), por exemplo, cobrou alta fatura para definir um relator “sensível” no colegiado que decidirá se a denúncia de Janot será aceita ou não na Câmara: a troca do presidente de Furnas. Sai Ricardo Medeiros e entra Julio Cesar Andrade.
Pacheco diz que é uma demanda antiga de Minas, mas na verdade é um desejo antigo dele. Se o presidente da CCJ aproveitou a oportunidade criada pela denúncia de Janot para pedir tamanha fatia do Estado, imagine o que estão a exigir, nos corredores e gabinetes do Palácio do Planalto, os deputados que votarão na Comissão.
Temer é indefensável, suas relações antirepublicanas se tornaram vexatoriamente públicas, mas está conseguindo se manter no cargo exatamente na base do toma lá dá cá. Quanto tempo isso vai durar? Enquanto o Estado bancado com o suado dinheiro do contribuinte puder prover a base com mais espaço na máquina pública.