Anatoliy Tkach, encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, falou sobre guerra na Ucrânia
O encarregado de negócios da embaixada da Ucrânia em Brasília, Anatoliy Tkach, afirmou nesta segunda-feira (28) que a Rússia está “usando todo o seu potencial militar” na invasão do país, que começou na última quinta-feira (24).
“Durante esses cinco dias, continua a guerra no coração da Europa. A Rússia está usando todo seu potencial militar, usando os mísseis de cruzeiro e mísseis balísticos, os tanques blindados, artilharia e tudo que tem ao seu alcance. Também estão trabalhando os grupos de sabotagem e reconhecimento em nosso território”, disse.
Segundo o diplomata, as unidades russas estão distribuídas ao longo das fronteiras ucranianas, incluindo a com Belarus. Ele afirmou que um míssil lançado de Belarus e apontado para a capital ucraniana, Kiev, foi derrubado.
“As equipes de sabotagem estão tentando semear pânico entre a população civil disparando mensagens nas redes sociais. A propagando russa lançou uma campanha que disse que a Ucrânia está preparando uma bomba suja. É uma fantasia”, disse.
Tkach afirmou que a Ucrânia não está tentando criar esse tipo de armas, e que as tropas russas estão “perdendo muitos dos seus aviões, helicópteros e tanques. Só a perda de pessoas chega a 5.300”.
O diplomata também falou sobre a decisão do presidente russo, Vladimir Putin, de colocar o arsenal nuclear russo em alerta. “É uma ameaça ao mundo inteiro e acredito que nesse momento o destino não só da Ucrânia, mas também Europa e do mundo está se determinado na Ucrânia”.
Ele apresentou estimativas mais recentes do Ministério da Saúde ucraniano, que apontam 2.040 feriados, incluindo 45 crianças. Dentre os mortos, 16 seriam crianças.
“Essas ações deliberadas na população civil provoca uma onda de refugiados. Só no dia 27 de fevereiro cruzaram na fronteira da Ucrânia com os países da Europa 120 mil pessoas. O pior dessa situação é que menores de idade estão atravessando a fronteira sem acompanhamento de adultos”.
A Ucrânia, segundo ele, acusa a Rússia de “um possível genocídio e crimes de guerra cometidos”, e reforçou o apelo para que os países obriguem a Rússia a encerrar a guerra na Ucrânia.
“Nós temos solicitado do governo brasileiro assistência humanitária. Esperamos contar com o Brasil também. Hoje aconteceram as negociações entre Ucrânia e a Rússia na fronteira com Belarus, ainda não temos os resultados mas as partes falaram que existem alguns pontos que podemos discutir”, afirmou.
Perguntado sobre o posicionamento do presidente Jair Bolsonaro sobre o conflito, com uma postura de “equilíbrio”, Tkach afirmou que o presidente “está mal-informado”.
“Seria interessante conversar com o presidente ucraniano para ter outra visão mais objetiva. Neste momento não se trata de apoio, se trata de apoio aos valores democráticos, ao direito internacional, incluindo os fundamentos como a não violação de fronteiras, o respeito da soberania internacional, da soberania do estado e de integridade territorial”.
Ele disse que a Ucrânia gostaria “de um maior apoio e uma maior condenação por parte do Brasil. O primeiro passo, esperamos que o Brasil mantenha a sua posição na Organização Nações Unidas“.
O diplomata afirmou que a Ucrânia fez um pedido para o Itamaraty com uma lista de suprimentos voltados à ajuda humanitária a refugiados ucranianos, incluindo comida e medicamentos para primeiros-socorros. Segundo ele, não houve resposta até o momento.