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Lojistas protestam em frente à prefeitura contra fechamento do comércio em BH

Munidos de bandeiras do Brasil, manifestantes ocupam a avenida Afonso Pena no sentido Praça Tiradentes após decisão do município de fechamento do comércio

Lojistas da capital realizam um protesto em frente à Prefeitura de Belo Horizonte, na manhã desta segunda-feira (29), contra a decisão do município de fechamento do comércio. A partir de agora, apenas estabelecimentos considerados essenciais têm autorização para funcionar na cidade, medida adotada com o objetivo de conter o avanço do coronavírus.

Os manifestantes ocupam a avenida Afonso Pena no sentido Praça Tiradentes, carregando bandeiras do Brasil. Eles gritam que querem trabalhar, e muitos usam máscaras com a frase “fora Kalil”. Agentes da Guarda Civil Municipal e da BHTrans acompanham o protesto. 

O comerciante Edson Morais, 64, que participa da manifestação, conta que já teve de fechar uma das lojas de vestuário que possui em Belo Horizonte e demitir oito funcionários. “Estamos parados há cem dias obedecendo às regras impostas goela abaixo, sem critério nenhum. Tínhamos sete lojas, já fechamos uma, não fecho mais porque não tenho dinheiro para indenizar os funcionários, o dinheiro acabou. Precisamos trabalhar para gerar emprego e salário para a turma que, daqui para a frente, vai ficar sem receber”, afirma.

O comerciante e vice-presidente para promoção de negócios da Câmara de Dirigentes Lojistas de Belo Horizonte (CDL-BH), Marco Antônio Gaspar, que tem duas papelarias na capital, também já precisou dispensar funcionários devido à paralisação das atividades. Ele defende que é possível retomar os trabalhos com segurança.

“O comércio estava respeitando os protocolos de funcionamento, com álcool em gel, exigindo que as pessoas utilizassem máscara dentro dos estabelecimentos e respeitassem o distanciamento social de acordo com a área da loja. Não foi isso que motivou (o fechamento)”, pontua.

O integrante do movimento Pró Libertas, Dirceu Brandão, participou da organização do protesto e diz que faltaram ações de combate à epidemia por parte da prefeitura: “O prefeito já teve tempo suficiente para adotar as medidas necessárias para proteger a população. Sabemos que a pandemia existe, que o vírus é realmente perigoso, mas não podemos ignorar a economia. As pessoas estão perdendo seus negócios”.

Procurada pela reportagem, a Prefeitura de Belo Horizonte reiterou a necessidade de isolamento social, devido aos resultados dos indicadores epidemiológicos. Os dados apontam taxa de ocupação de leitos de UTI exclusivos para Covid-19 em 86%, e de enfermaria, em 67%.

O município ressaltou que, mesmo com o fechamento do comércio não essencial, 776 mil empregos do setor privado se mantêm ativos, o que representa 87% do total.

Além disso, a prefeitura informou que, somente em junho, foram abertos 232 leitos exclusivos para Covid-19 na Rede SUS/ BH, sendo 81 de UTI e 151 de enfermaria. Atualmente, a cidade conta com um total de 1.099 leitos destinados a pacientes com coronavírus, o que representa aumento de mais de 460% em comparação com março.

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