No documento, gestores que fazem parte do Consórcio Nordeste classificam ações da Polícia Federal como “perseguição”
Em carta contra o presidente Jair Bolsonaro, assinada pelo governador da Bahia, Rui Costa, e mais oito governadores que fazem parte do Consórcio Nordeste, divulgada nesta sexta-feira (12), os gestores rechaçam as operações policiais contras chefes do Executivo estadual dizendo que “não é invadindo hospitais e perseguindo gestores que o Brasil vencerá a pandemia”.
“Após ameaças políticas reiteradas e estranhos anúncios prévios de que haveria operações policiais, intensificaram-se as ações espetaculares, inclusive nas casas de governadores, sem haver sequer a prévia oitiva dos investigados e a requisição de documentos. É como se houvesse uma absurda presunção de que todos os processos de compra neste período de pandemia fossem fraudados, e governadores de tudo saberiam, inclusive quanto a produtos que estão em outros países, gerando uma inexistente responsabilidade penal objetiva”, diz trecho do documento.
A carta segue afirmando que as operações produzem consequências imediatas. “A primeira, uma retração nas equipes técnicas, que param todos os processos, o que pode complicar ainda mais o imprescindível combate à pandemia. A segunda {consequência], é a condenação antecipada de gestores, punidos com espetáculos na porta de suas casas e das sedes dos governos”.
O documento repudia a fala de Bolsonaro que incentiva a invasão de unidades de saúde. “No último episódio, que choca a todos, o presidente da República usa as redes sociais para incentivar as pessoas a invadirem hospitais, indo de encontro a todos os protocolos médicos, desrespeitando profissionais e colocando a vida das pessoas em risco, principalmente aquelas que estão internadas nessas unidades de saúde”.
E segue relatando o posicionamento de negacionismo do presidente. “O presidente Bolsonaro segue, assim, o mesmo método inconsequente que o levou a incentivar aglomerações por todo o país, contrariando as orientações científicas, bem como a estimular agressões contra jornalistas e veículos de comunicação, violando a liberdade de imprensa garantida na Constituição”.
A carta finaliza com a defesa de investigações, de forma responsável e isenta. “Deixamos claro que defendemos investigações sempre que necessárias, mas de forma isenta e responsável. E, onde houver qualquer tipo de irregularidade, comprovada através de processo justo, queremos que os envolvidos sejam exemplarmente punidos”.
Assinam a carta os gestores:
Rui Costa – Governador da Bahia
Renan Filho – Governador de Alagoas
Camilo Santana – Governador do Ceará
Flávio Dino – Governador do Maranhão
João Azevedo – Governador da Paraíba
Paulo Câmara – Governador de Pernambuco
Wellington Dias – Governador do Piauí
Fátima Bezerra – Governadora do Rio Grande do Norte
Belivaldo Chagas – Governador de Sergipe