Em uma época de recompensas instantâneas, a maioria das pessoas não consegue mais ficar sem usar osmartphone por muito tempo e ainda ficam irritadas quando o contato demora segundos para responder a mensagem de texto. Da mesma forma, acontece com as crianças. Muitas vezes, os pequenos não têm paciência para esperar e fazem birra quando recebem um “não” como resposta. Pesquisa realizada pela Universidade de Stanford reforça a importância da imposição de limites na infância.
A primeira pesquisa com o intuito de analisar o autocontrole das crianças foi realizada na década de 1960 e contou com a participação de 600 crianças, com idade entre três e cinco anos. O método utilizado foi o teste domarshmallow – onde os pesquisadores observam por um espelho falso, por quanto tempo, as crianças resistiam sem comer o doce que estava na frente delas. As crianças que participaram do experimento foram acompanhadas até a vida adulta.
Na época, os pesquisadores analisaram que as crianças que mais demoravam para comer o doce, apresentavam resultados positivos na infância e, mais tarde, até um melhor rendimento durante a graduação e facilidade para economizar dinheiro para o futuro. Mesmo apresentando um resultado positivo, um novo teste foi realizado pela Associação Americana de Psicologia e analisou que as crianças de hoje podem ter mais autocontrole do que as crianças de outras gerações.
Contrariando todas as expectativas, as crianças do experimento mais recente conseguiram esperar dois minutos a mais. Antes de ser feito o novo teste, foi realizado uma pesquisa com alguns adultos e 72% deles achavam que os pequenos de hoje esperariam menos. Segundo os pesquisadores da Associação Americana de Psicologia um dos fatores que influenciam para esse resultado é o ingresso mais cedo na Educação Básica.
Na opinião da psicóloga Ana Claudia Afonso, de todos os recursos que podem ser utilizados para exercitar o autocontrole das crianças, o mais eficiente é o exemplo. “Os pequenos fazem parte de um grande sistema familiar e convivem diariamente com essas pessoas, por conta disso, elas acabam absorvendo as características desses indivíduos”. Segundo a psicóloga, também é importante que as escolas passem a abordar mais questões comportamentais e não apenas os conteúdos curriculares. “Ter uma escola que faça um trabalho paralelo e parecido com o que se é visto em casa, ajuda muito e até cria um padrão para ser seguido pelas crianças”, assegurou.
Mesmo com a rotina intensa dos pais, eles precisam encontrar um momento para exercitar o diálogo com os filhos. Ana Claudia explicou que esse tipo de relação é essencial para o autocontrole das crianças. “Quando não podem se expressar, elas fazem isso com o choro e, muitas vezes, com agressividade”. Como sugestão, a psicóloga recomenda práticas meditativas para os pequenos. “Atividades que proporcionem o autoconhecimento e uma percepção maior das emoções ajudam muito. E quanto antes eles iniciarem essas práticas, mais cedo eles vão encontrar outras formas de expressar os seus sentimentos e desenvolvem características importantes como o autocontrole”, conclui.