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Mortalidade infantil volta a subir após 26 anos

Em queda desde 1990, o Brasil registrou, em 2016, um preocupante acréscimo neste índice.

Zika e crise econômica. Essa dupla pode estar sendo a responsável, segundo o Ministério da Saúde, pelo aumento da taxa de mortalidade infantil em 26 anos. Em queda desde 1990, o Brasil registrou, em 2016, um preocupante acréscimo neste índice.

De acordo com um levantamento feito pelo jornal Folha de S.Paulo, o país vinha apresentando uma redução anual média de 4,9% na taxa de mortalidade, bem acima dos 3,2% de média estimada pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef).

Contudo, há dois anos, houve um aumento de cerca de 5% nesse índice, totalizando 14 óbitos a cada mil nascimentos. Ainda segundo o levantamento, os estados que apresentaram mais de 18 mortes a cada mil nascimentos foram: Acre, Amazonas, Bahia, Roraima, Pará, Amapá e Piauí.

O governo credita esse aumento a epidemia de zika vírus que atingiu o país no período pós-Copa do Mundo de 2014. Além de reduzir o número de nascimentos (queda de 5,3%), impactando diretamente no cálculo da taxa, houve um aumento na quantidade de mortes em função de malformações graves.

Também ajudam a explicar esses índices a redução da renda familiar, cortes na saúde e estagnação de programas sociais, que também impulsionaram as mortes consideradas evitáveis, como diarreia e pneumonia.

Segundo a publicação, apesar de os números de 2017 ainda não estarem fechados, estima-se que o número de mortes fique na casa dos 13,6, a cada mil habitantes. Porém, o próprio Ministério já indicou que a tendência é a de piora, pois algumas mortes ainda estão sob investigação.

Estado registra queda nas taxas nos últimos 10 anos

Apesar de a Bahia ter sido incluída neste contexto da mortalidade infantil, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesab) esclareceu que a questão envolve uma série de fatores, a exemplo do pré-natal, cuidado da Atenção Básica, o que é prestado pelos municípios. “No entanto, a Sesab está realizando uma série de ações no sentido de reduzir a mortalidade infantil”, informou o órgão.

De acordo com dados enviados pelo órgão estadual – tendo como fonte o próprio Ministério da Saúde –, nos últimos 10 anos (2007-2016) as taxas de mortalidade caíram nas diferentes faixas etárias pesquisadas: variação de -20,1% até os recém-nascidos com até sete dias de vida, -10,1% entre aqueles com até 27 dias de vida, -21,3% para aqueles que têm entre mais de 28 dias e menos de um ano.

Em números absolutos, os dados apontam que, enquanto em 2007 o número de óbitos foi de 2.622, esse índice caiu para 1.900 em 2016 para os recém-nascidos entre zero e sete dias de vida; 590 contra 481 entre sete e 27 dias de vida; e 1.141 contra 814 entre aqueles com 28 dias de vida e menores de um ano.

Ações

Entre as principais ações estratégicas desenvolvidas na redução da mortalidade infantil estão a implementação das diretrizes da Rede Cegonha no estado, uma estratégia de qualificação da atenção obstétrica e infantil, da Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil – estratégia de educação continuada dos profissionais de saúde da atenção primária, com vistas a melhoria dos índices de amamentação e das condições de alimentação e nutrição de crianças de até dois anos – e de Leitos em Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN).

Além destes, a Sesab destacou que foram feitos investimentos em 25 Unidades Hospitalares em 20 municípios com relação a qualificação dos Profissionais que atuam na atenção a saúde da criança e da mulher; equipamentos e estrutura física, assim como a implantação de Fórum da Rede Cegonha, um “espaço de discussão sobre as redes de cuidados para assegurar às mulheres o direito ao planejamento reprodutivo e a atenção humanizada à gravidez, ao parto e ao puerpério, bem como assegurar às crianças o direito ao nascimento seguro e ao crescimento e desenvolvimento saudáveis”, explicou a Secretaria de Saúde.

 

Por Yuri Abreu | Tribuna da Bahia

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