Um bar construído em Área de Preservação Permanente (APP) foi interditado nesta sexta-feira, 19, por equipes da Secretaria municipal de Agricultura, Irrigação e Meio Ambiente e da Secretaria de Finanças de Jequié, 372 km de Salvador.
Um desmatamento, a terraplanagem e construção irregulares na margem da cachoeira do rio das Pedras, distrito de Florestal, foram notificados pelas equipes durante a fiscalização. O rio é um dos afluentes do rio das Contas.
Distante cerca de 80 km da sede, embora o acesso seja em estrada de chão sem boas condições de tráfego, o local é utilizado como área de lazer por moradores de Jequié e municípios vizinhos.
A denúncia do crime ambiental foi feita pelo Grupo Ecológico Rio das Contas (Gerc), por meio do presidente, jornalista Domingos Ailton e do fotógrafo Dimas de Campos, que tem os registros do local antes e depois das agressões.
Para o jornalista Domingos Ailton, “essa situação absurda acontece pela falta de fiscalização mais contundente dos órgãos ambientais do Estado e do município”. Ele ressaltou que “a cachoeira fica dentro de uma área com vegetação de Mata Atlântica e a beleza cênica do lugar foi duramente afetada”.
Também cobrou que toda área devastada seja reconstruída com mudas de plantas das mesmas variedades que cobriam o lugar. “Portanto, não é só multar e notificar, mas tem que fazer a restauração, para minimizar os prejuízos ambientais”, enfatizou.
Ambientalista e fotógrafo, Dimas de Campos lamentou. “É uma pena que ninguém nunca mais vai poder conhecer este lugar, com a magia e o encantamento que eu conheci há muitos anos, quando não havia a estrada até a cachoeira e nem estacionamento pra carros”.
O Gerc fez a denúncia sobre a degradação da mata ciliar para uma rede de ONGs da Mata Atlântica e também levou o assunto para a Promotoria Ambiental da comarca de Jequié por meio de ofício protocolado no dia 18 de janeiro.
De acordo com a diretora municipal de Meio Ambiente, Maria Cruz, que esteve nesta sexta no local da denúncia, na próxima terça, 23, o responsável pelo bar aberto no local há 60 dias, vai se apresentar na prefeitura para receber as multas referentes às infrações cometidas.
“Também terá que esclarecer sobre as circunstâncias da devastação ambiental, apontando os responsáveis”, revelou a diretora, acrescentando que no início da semana haverá também uma reunião entre as duas secretarias que participaram da ação, junto com Infraestrutura para debater sobre a demolição, regeneração ambiental e acesso ao local.
Ela citou que o desmatamento já ocorreu há uns três anos e que os responsáveis deverão reflorestar o lugar em 160 dias. “Tudo foi feito em local inapropriado, sem nenhuma licença para suprimir a vegetação, fazer a terraplanagem, construir e nem para funcionar como bar”, concluiu.