“Você não é tratado como atleta”, diz lutador no Giro Combate. Ex-campeão, que se despede no UFC Rio 9, quer ajudar companheiros de profissão.
No próximo dia 12 de maio, Vitor Belfort faz a última luta de seu contrato com o UFC, que ele também declarou que será a última de sua carreira no MMA. Através de quase 22 anos de trajetória, o lutador carioca viu o esporte passar por uma enorme metamorfose, passando de lutas com poucas regras, mal vistas e banidas em diversas cidades, a uma modalidade com conjunto de regras e formato definidos, que virou fenômeno global de mídia, capaz de produzir superastros milionários.
O lutador, contudo, enxerga a metamorfose do esporte ainda incompleta. Ele vê o cenário atual das principais organizações, com foco nas provocações e no drama entre os atletas, e acredita que isso precise ser revisto. Após sua luta contra Lyoto Machida no UFC Rio 9, Belfort pretende se dedicar a isso.
– Com certeza continuarei trabalhando com esporte, tenho uma paixão tremenda por este esporte. Acho que hoje em dia a gente é mais entretenimento do que esporte, a gente ainda não é considerado como esporte. Não existe contratualmente, você não é tratado como atleta e sim como “entertainer”, e acho que tem muita coisa para mudar. Acho que tenho muito conhecimento, sabedoria e experiência pra colaborar para que o esporte cresça cada vez mais – analisou o “Fenômeno” em entrevista ao Giro Combate.
Vitor Belfort esteve na vanguarda dos lutadores que extrapolaram o MMA e se tornaram astros pop. Desde jovem, o atleta investiu em sua imagem dentro e fora do octógono, e logo se tornou o lutador mais conhecido do Brasil. Seu sucesso ajudou a criar a fórmula para outros artistas marciais consagrados pelo povo, como Anderson Silva, Rodrigo Minotauro e Junior Cigano, sem contar os estrangeiros. Mas Belfort explica que ainda tem mais lições para dar.
– A minha carreira é minha, mas o meu legado eu deixo para a próxima geração. Olha o que eles estão hoje lucrando, quantas pessoas estão ficando milionárias, ganhando muito dinheiro, entendendo o que é patrocínio, entendendo como elas têm que se portar.
– Acredito que a gente ainda tem que melhorar bastante, porque os atletas ainda não entendem que eles são uma empresa. Os atletas acham que isso vai ficar pra sempre. É importante entender que ainda não há uma união entre os atletas. Há muita competitividade e rivalidade, que acho natural que aconteça dentro do octagon, mas fora, eu acho importante haver um seminário em que eles se encontrem, dividam experiências. Quem sabe eu não possa começar a criar isso, um seminário onde a gente possa convidar os atletas junto aos seus managers para entenderem como funciona, saber qual é a dificuldade, cada um dividir o ponto positivo e o ponto negativo na sua carreira-comentou.
Confira a entrevista completa de Vitor Belfort no Giro Combate: