Anderson Silva, José Aldo, Vitor Belfort… Nada disso. No UFC, o Brasil está representando entre o seleto grupo de campeões pelas mulheres: Amanda Nunes, no peso galo, e Cris Cyborg, no peso pena, são as únicas donas de cinturão do país no Ultimate. Com a vitória de Cyborg e as derrotas do desafiante Demian Maia, no UFC 214, além do revés sofrido por José Aldo no UFC 212, as meninas se firmaram como principais representantes do país no MMA.
Esse cenário, no entanto, era pouco provável há alguns anos. O presidente do UFC, Dana White, chegou a declarar que nunca iria admitir duas mulheres se enfrentando no maior evento do mundo. Tudo mudou quando Ronda Rousey, com seu carisma e ferocidade, começou a ganhar notoriedade no Strikeforce. Após o Ultimate comprar o evento rival, White foi obrigado a engolir suas palavras e abriu caminho para o MMA feminino dentro de sua companhia.
A partir daí, as mulheres passaram a ter um caminho para vencer o preconceito que ainda rondava o esporte, tido como exclusivamente masculino. Com batalhas emocionantes, campeãs dominantes e atletas talentosas, o MMA feminino cresceu e apareceu no UFC. E as brasileiras entraram na onda, ajudando o esporte a chegar ao ponto de hoje, onde alguns dos maiores eventos da história do Ultimate foram liderados por elas – casos do UFC 200, quando a brasileira Amanda Nunes faturou o cinturão peso galo, e depois no UFC 207, evento que solidificou a Leoa como dona da divisão após vitória arrasadora e cima de Rousey.
Hoje, o Brasil manda no MMA feminino. Das três categorias de mulheres do UFC, duas são comandadas por brasileiras. Isso sem contar que o peso palha, a polonesa Joanna Jedrzejczyk, atual campeã da divisão, tem duas brazucas em sua cola: Cláudia Gadelha e Jéssica Andrade.
A própria Amanda já tinha sua história escrita no UFC antes mesmo de se tornar dona do cinturão até 61 kg. Isso porque a baiana foi a primeira mulher brasileira a conquistar uma vitória no octógono – ela venceu a alemã Sheila Gaff no UFC 163, em agosto de 2013, no Rio de Janeiro. Um mês antes, Jéssica Bate-Estaca, outra estrela em ascensão do MMA feminino do Brasil, havia iniciado a trajetória das mulheres brasileiros no Ultimate com derrota diante de Liz Carmouche.
Para enaltecer ainda mais os feitos das mulheres, o SUPER LUTAS preparou um especial para apresentar ao grande público as estrelas femininas do MMA nacional.
1) A ‘imbatível Cris Cyborg
Considerada por muitos como a melhor lutadora de MMA de todos os tempos, Cyborg finalmente chegou ao topo do UFC. O cinturão peso pena conquistado no último sábado (29), quando nocauteou Tonya Evinger, serve para corar uma carreira repleta de conquistas, incluindo os títulos do Invicta FC e o extinto Strikeforce.
Invicta há 19 lutas, a atleta da Chute Boxe não sabe o que é perder desde 2005, quando foi superada em sua estreia como profissional. De lá para cá, são 18 vitórias e uma luta sem resultado. O que chama atenção, além dos números impressionantes, é a forma como Cyborg ‘atropelou’ suas adversárias: são 16 nocautes a somente dois triunfos por pontos. No Ultimate, já são três resultados positivos, o primeiro em sua divisão de origem – os dois primeiros foram em peso casado, até 63,5kg.
“Estou no melhor momento da minha carreira. Sei exatamente aonde quero atacar e como quero chegar à vitória. Este é o fim de um capítulo e o começo de outro na minha carreira. Holly Holm, Megan Anderson, são boas lutadoras, mas agora quero treinar e manter o meu título”, declarou Cyborg, que chegou ao seu terceiro título mundial.
2) Amanda Nunes, a pioneira
A baiana Amanda Nunes já era conhecida do público norte-americano por suas participações no Strikeforce. Mas foi em sua estreia pelo UFC que ela começou a cavar seu nome entre os fãs brasileiros. Com uma vitória arrasadora sobre Sheila Gaff, a Leoa iniciou uma trajetória de sucesso na companhia, interrompida brevemente por uma derrota para Cat Zingano. Desde então, porém, Amanda só acumulou vitórias, uma mais violenta do que a outra.
Após nocaute técnico por chutes baixos contra Shayna Baszler, a brasileira conquistou triunfos importantes sobre Sara McMann e Valentina Shevchenko, se credenciando para disputar o título no histórico UFC 200. E Amanda conquistou o cinturão de forma decisiva: depois de deixar a então campeã Miesha Tate tonta com excelentes sequências de boxe, a baiana finalizou “Cupcake” no primeiro round.
A coroação definitiva veio cinco meses depois. Diante da lutadora mais conhecida do mundo, Ronda Rousey, Amanda teve sua performance mais admirável, não dando chances para a norte-americano e conseguindo um nocaute brutal em apenas 48 segundos. A Era da Leoa começava oficialmente.
O único porém da trajetória de Amanda parece ser a parte física, que foi testada contra Shevchenko e quase lhe custou a vitória. Pois a revanche entre as duas promete resolver essa questão em torno do estilo da brasileira. Elas se enfrentariam no UFC 213, mas Nunes adoeceu no dia do evento e a luta foi remarcada para o UFC 215. Em setembro, a Leoa terá a chance de calar os poucos críticos que ainda restam.
Fonte: Super Lutas