A Associação Paulista de Supermercados (Apas) e a Fipe identificaram, em março, o maior avanço de preços em supermercados desde 1994. A alta generalizada nos preços dos alimentos fez com a média do índice chamado IPS (Índice de Preços dos Supermercados), avançasse 2,64%. Em 12 meses, o IPS acumula alta de 15,22%. Para os brasileiros que estão experimentando um cenário de inflação generalizada, rendas em queda e juros altos, isso significa deixar de levar comida para mesa.
Com os preços dolarizados, a alta dos combustíveis e a desorganização das cadeias logísticas, a inflação no governo Bolsonaro é generalizada, refletindo na ponta do consumo, onde estão os supermercados e a população.
“A expectativa para o primeiro semestre deste ano é de instabilidade em muitos setores da economia, principalmente naqueles que são sensíveis aos preços internacionais das commodities. O processo de alta é generalizado”, diz a entidade em nota de divulgação.
A inflação oficial do país, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) acumula alta de 10,54% em 12 meses e bate recorde a cada mês, enquanto o “remédio” proposto pelo governo é elevar a taxa básica de juros a 13%.
Segundo a Apas, outro fator que pesa na composição do preço são os custos de produção dos produtos alimentícios industrializados. “O custo nos serviços de logística, de matérias-primas e da energia elétrica tiveram elevação de 16,09% em março”, afirma o estudo. Um exemplo disso é o leite, que inflacionou 7,8% no índice de março e acumula alta de 10,13%.
As frutas, legumes e verduras, enquadrados na categoria de hortifrutis, tiveram inflação de 8,93% em março, com acumulado de 31,58% nos últimos 12 meses. O que assistimos no último período é a impossibilidade de a população consumir produtos em natura e ter uma alimentação saudável. No índice da Apas e Fipe, os preços de legumes e verduras apresentam aceleração assustadora de 18,75% e 13,77% em março, respectivamente.
“O setor agrícola vem sofrendo forte pressão inflacionária causada principalmente pelo aumento dos combustíveis e pelas dificuldades da importação de fertilizantes”, completa a nota.