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Polícia investiga ameaça de morte a escritor que denunciou racismo

Anderson França, o Dinho, divulgou uma acusação de racismo em sua página no Facebook, que tem mais de 100 mil seguidores.

Anderson França, o Dinho, cronista carioca popular no Facebook e autor de “Rio em Shamas” (Objetiva), é conhecido por suas postagens em que relata o cotidiano no subúrbio da cidade e os embates diários com o racismo.

Por lidar com esses temas, França, 42, recebeu de uma aluna de uma universidade carioca a denúncia de que um colega teria feito ofensas homofóbicas, xenofóbicas e racistas em um fórum de discussão na internet.

França as reproduziu em sua própria página, que tem mais de 100 mil seguidores, no dia 15 de julho e, no dia seguinte, relatou em postagem em seu perfil ter sido ameaçado, inclusive de morte, pelo suposto autor das publicações ofensivas, Ricardo Wagner, que negou as acusações.

O escritor informou ainda ter registrado ocorrência na Delegacia de Repressão Aos Crimes de Informática (DRCI), que investiga o caso.

‘MACUNAÍMA’

Na postagem que originou as ameaças, Dinho se propunha a divulgar o acontecido para colaborar na apuração do caso de racismo.

“Eu compartilho com vocês o post, e me disponho a usar esta página para colaborar com advogados que possa encaminhar, seja primeiramente em uma delegacia, seja no Ministério Público, um pedido de abertura de inquérito penal e o pedido de prisão deste jovem. […] Ele chama uma mulher preta de ‘macunaíma’, diz que pretos servem apenas para o subemprego e o crime, entre outras coisas. Ele pratica o racismo tipificado na lei, porque ofende toda uma etnia.”

Na publicação do dia seguinte, exibiu fotos de mensagens privadas enviadas pelo suposto autor das postagens.

As mensagens traziam os dados pessoais da leitora que havia divulgado as ofensas e os de França e continham, além de ofensas racistas, ameaças de estupro e morte.

Apontado como autor das postagens ofensivas Ricardo Wagner disse, em sua página do Facebook, que não era responsável pelas publicações e que um usuário falso havia sido criado com suas fotos e seu nome.

Dinho foi orientado a não dar entrevistas sobre o caso para não prejudicar as investigações.

Mas, falando à reportagem, destacou o quão sintomático é que um caso desses ocorra quando a Flip homenageia Lima Barreto.

“Lima Barreto era um escritor de subúrbio como eu sou, um preto, que provocou a sociedade no tempo dele, e cem anos depois dele, isso acontece com um escritor de subúrbio que combate o racismo. Quanto o Brasil ainda tem pela frente na busca de espaço, de direitos civis? É um momento de tensão racial muito grande.”

Com informações da Folhapress.

 

 

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