NOVA BAHIA 2024

De olho no perfil: bancos rastreiam seu comportamento em redes sociais

Veja como as instituições financeiras estão usando o que você posta para ofertar produtos e até, futuramente, conceder e analisar crédito.

A sua intimidade, opiniões e o que é postado nas redes sociais  valem mais que curtidas. Espionadas por bancos e instituições financeiras, estas informações agora podem aumentar a segurança de suas operações bancárias, valer uma oferta customizada para um financiamento e, futuramente, influenciar até na taxa de juros cobrada nos empréstimos ou financiamentos que forem contratados.

Os bancos estão de olho em tudo aquilo que se posta nas redes, sobretudo no Twitter, Instagram e Facebook.  Segundo o diretor de negócios digitais do Banco do Brasil, Marco Mastroeni, a tendência é que as instituições  aprofundem cada vez mais o conhecimento do perfil do consumidor com base no que circula nos posts e comentários dos perfis pessoais. “A intenção é que à medida que o consumidor comece a perceber ganhos nessa relação de troca de informações, ele autorize o compartilhamento de hábitos e, em troca, receba ofertas segmentadas de acordo com o seu momento de vida”.

Este mês, o BB lançou uma ferramenta que possibilita transferir recursos e dividir contas pelas redes sociais. Assim, por exemplo, o valor da conta de um bar ou restaurante pode ser rateada e paga individualmente pelos integrantes do grupo por meio das redes sociais. “O Banco vem refinando cada vez mais esta relação, a partir dos dados digitais. Se a família terá seu primeiro filho, talvez precise de crédito para comprar roupas e móveis. Capturando o contexto desse consumidor, o banco pode ser mais assertivo, ofertando produtos alinhados com a necessidade do cliente”, diz Mastroeni.

Para o Santander, virar “amigo” do cliente nas redes sociais vai possibilitar um ganho de competitividade entre as instituições financeiras.  “O que temos começado a experimentar é o uso cada vez maior de dados de redes sociais, principalmente para modelos de identificação e fraude”, destaca.

O interesse nas redes sociais reflete o  conceito de banco conectado, como explica o diretor de Mercados da Atos, Ricardo Munhoz. A empresa de tecnologia atua na oferta de serviços digitais e apresentou este mês na 27ª edição da feira de tecnologia bancária Ciab Febraban, em São Paulo, uma solução que torna possível ouvir e “stalkear” (vigiar na linguagem dos usuários das redes sociais) os perfis com mais eficiência do aquele “crush” (‘paquera’) que pode estar de olho em você.

“Se você está expressando determinada opinião vamos usar isso para tentar te vender um produto. É começar a ouvir esse cliente, jogar todas essas informações para interpretar tendências de mercado, desenvolver soluções e fazer campanhas de acordo com esses perfis”, afirma.

 As experiências para desenvolver o sistema foram feitas  a partir de usuários de redes sociais reais, como acrescenta Munhoz: “ Com isso, as redes  passam também a aumentar a retenção de clientes e a receita dos bancos”.

Segurança

 Assim como as redes sociais podem ser usadas para identificar perfis e definir ações de mercado, os bancos também estão monitorando o que é publicado para evitar fraudes. No Banco do Brasil, no quesito segurança, as redes sociais possibilitam a checagem do uso do cartão no exterior por meio de fotos e postagens.

De acordo com o chefe de Ciber Inteligência da NS Prevention, Thiago Bordini, a vulnerabilidade destas informações eleva o risco de transação para a instituição financeira. “Os dados de mídias sociais hoje valem muito mais dinheiro do que um dado cadastral e isso é comercializado abertamente na internet. O elo mais fraco é exatamente esse, explorar o lado do usuário final. A mídia social contribui bastante para isso”, pontua.

Em um experimento realizado pela a empresa, apenas com o endereço de e-mail foi possível chegar a informações abertas como o nome do (a) companheiro (a), a empresa que trabalha, onde mora, placa e modelo do carro. O sistema vasculha ainda informações de outras 150 plataformas, entre elas, de venda de passagens áreas, e-commerce e programas de fidelização.

Os bancos têm utilizado com frequência o mesmo sistema para definir a análise de uma proposta de crédito, abertura de conta digital e até mesmo na contratação de fornecedores e trabalhadores. “As pessoas precisam ter muito cuidado com o que elas publicam nas redes sociais. Por dia, a gente chega a coletar 3 mil números de cartões de crédito que circulam no mercado negro e são fraudados”, recomenda Bordini.

CONFIRA A JORNADA DIGITAL AO FINANCIAR UM IMÓVEL

1.O cliente é  um advogado e deseja financiar o tão sonhado primeiro imóvel

2. Ele compartilha  o planejamento para adquirir o primeiro imóvel, publica fotos e mensagens em suas redes sociais celebrando a novidade.

3. Começa a visitar  sites de planejamento financeiro; busca mais informações sobre simulação para diversificação de investimentos; conversa com amigos e familiares em busca de indicações.

4.Faz mais postagens  em redes sociais compartilhando sua dificuldade de decidir onde e como poupar; faz simulações sobre quanto precisa de dinheiro para atingir seus objetivos; recebe respostas em seu post nas redes sociais com uma oferta de atendimento via chat online ou por telefone.

5. Então ele recebe  o número de protocolo; liga para o 0800 do banco; realiza sua identificação pessoal e informa o número do protocolo confirmando o motivo da sua ligação.

6.Recebe orientações  sobre os próximos passos, finalizar o atendimento e ainda compartilha a experiência em suas redes sociais.

A repórter viajou a convite do Ciab Febraban
SIEL GUINCHOS

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