Na semana passada, presidente do Brasil disse que torcia pela candidata democrata Kamala Harris. ‘A democracia é a voz do povo e deve sempre ser respeitada’, declarou o petista.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) parabenizou nesta quarta-feira (6) o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump. O petista desejou sorte e pregou diálogo e trabalho conjunto pela paz.
“Meus parabéns ao presidente Donald Trump pela vitória eleitoral e retorno à presidência dos Estados Unidos. A democracia é a voz do povo e ela deve ser sempre respeitada. O mundo precisa de diálogo e trabalho conjunto para termos mais paz, desenvolvimento e prosperidade. Desejo sorte e sucesso ao novo governo”, afirmou Lula.
Lula deu as declarações em postagem em uma rede social. Na semana passada, durante entrevista a um veículo de comunicação francês, o petista declarou apoio à democrata Kamala Harris.
Na ocasião, o presidente brasileiro disse que a vitória de Kamala era um caminho mais seguro para o fortalecimento da democracia no mundo e que torcia por ela.
A vitória de Trump foi divulgada por volta das 7h35 desta quarta-feira. Conforme projeção da Associated Press, ele garantiu votos suficientes para um novo mandato como presidente dos Estados Unidos.
O resultado foi anunciado após ser atingida uma margem segura de votos em que não é mais possível que ele seja superado pela democrata Kamala Harris, ainda que a contagem de cédulas pelo país não tenha sido totalizada.
Segundo o colunista do g1 Valdo Cruz, o presidente brasileiro e assessores decidiram esperar as projeções cravarem vitória de Trump para divulgar a mensagem de Lula parabenizando o republicano.
A postura de Lula em relação à vitória de Trump foi diferente da que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) adotou quando o democrata Joe Biden foi eleito presidente em 2020.
Na ocasião, o então presidente Bolsonaro só enviou a Biden uma mensagem com cumprimentos pela vitória mais de um mês após a divulgação do resultado do pleito nos Estados Unidos.
Alckmin e Gleisi
O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) também parabenizou Trump pela vitória e afirmou esperar que os próximos quatro anos ampliem a parceria entre os países.
“Parabenizo a vitória eleitoral de Donald Trump como 47º presidente dos Estados Unidos da América com votos de que seja um período de promoção da paz, do desenvolvimento econômico e social, e de ainda maior ampliação da parceria entre Brasil e EUA”, publicou.
Alckmin acumula o cargo de ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e trata de áreas que serão impactadas caso Trump adote uma política econômica mais protecionista. O EUA são o segundo maior parceiro comercial do Brasil, atrás da China.
O resultado da eleição nos EUA também foi comentado deputada federal Gleisi Hofmann (PT-PR), atual presidente do PT, partido de Lula. Em uma rede social, a parlamentar disse que a “eleição de Trump é um sinal de alerta para o campo democrático no mundo todo”.
“A polarização se mantém como uma realidade e temos de nos preparar para enfrentá-la também aqui no Brasil, onde a extrema direita já se assanha com o resultado”, declarou.
Gleisi afirmou que é preciso responder demandas da população, porém sem a “receita” que o mercado prevê — o governo é pressionado no momento a apresentar um pacote de cortes de gastos para equilibrar as contas públicas.
“Temos de fortalecer o campo da democracia em nosso país, mas principalmente dar respostas concretas às necessidade e expectativas do povo, que não cabem na receita neoliberal que o mercado quer impor ao governo e ao país”, disse Gleisi.
Caminho é o pragmatismo, avaliam diplomatas
Nos bastidores, diplomatas brasileiros dizem que o caminho para o governo Lula deve ser a aposta no pragmatismo, para que os dois países mantenham uma boa relação.
Ou seja, para as fontes do Itamaraty, o Palácio do Planalto deve buscar eficácia e utilidade ao tratar com Trump e seus representantes.
Diplomatas avaliam que as declarações recentes de Lula a favor de Kamala não colaboraram para a futura relação entre Lula e Trump.
Essas fontes do Itamaraty destacam, contudo, que os dois presidentes não conviveram no exercício dos mandatos, logo, é possível reverter eventual mal-estar.