Em entrevista à revista Veja, o senador Paulo Paim acredita que, se Lula for preso, transformar-se-á no “novo Nelson Mandela”
Para o senador Paulo Paim (PT-RS), 2017 foi o “pior ano de todos os tempos” na política. Na sua “retrospectiva”, o petista cita o decreto presidencial que ameaçou a Amazônia, o retrocesso no combate ao trabalho escravo, o teto de gastos públicos congelados por vinte anos, a reforma trabalhista e a reforma da previdência. Além da entrevista com Paim, VEJA também ouviu os senadores Lasier Martins (PSD-RS) e Ana Amélia Lemos (Progressistas) – as entrevistas serão publicadas nesta semana. Paim presidiu a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Previdência, que concluiu não haveria déficit no setor se as empresas pagassem 450 bilhões devidos. O relatório final da CPI, de 253 páginas, precisou de 11 horas para ser lido no dia 23 de outubro. “A reforma, da maneira que está sendo feita, vai quebrar a previdência. Eles não atacam a sonegação. Vão mais uma vez passar a conta para os mais pobres, aumentando o tempo da contribuição e idade”, disse à reportagem.
Quanto a possibilidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva ser condenado em segunda instância no julgamento do TRF4 marcado para 24 de janeiro, Paim diz que Lula “está no jogo” da eleição de “qualquer jeito”. No caso de uma eventual prisão, Lula “vira um novo Nelson Mandela”, disse em referência ao ex-presidente da África do Sul e líder popular, preso por 27 anos e foi solto após uma campanha mundial por sua libertação. Para Paim, o possível vice de uma chapa de Lula seria Roberto Requião (PMDB-PR). Requião poderia até mesmo substituir Lula, caso o ex-presidente seja impedido de concorrer, disse. “O debate ideológico está meio superado”, afirmou. A entrevista completa com o senador está na revista Veja desta semana.
Lula – A perícia oficial na documentação entregue pela Odebrecht em ação sobre supostas propinas da empreiteira ao ex-presidente Lula ‘é essencial para garantir a integralidade da prova’. A afirmação é da Associação Nacional dos Peritos Criminais. Em nota, a entidade dos peritos criminais federais destacou que a perícia vai assegurar ‘a necessária isenção no processo de busca pela verdade, único método capaz de confirmar ou afastar, de acordo com a Constituição e as leis vigentes, qualquer alegação feita no âmbito do caso em discussão’. No último dia 11 o juiz federal Sérgio Moro acolheu pedido da força-tarefa da Operação Lava Jato e estendeu uma perícia em curso a um material enviado pela Suíça relativo ao sistema de propina da Odebrecht.
Os arquivos foram extraídos da contabilidade informal do grupo e serão analisados na ação penal em que o ex-presidente Lula é réu por corrupção e lavagem de dinheiro. Lula é réu em ação penal por supostas propinas de R$ 12,5 milhões da Odebrecht. Do total das vantagens indevidas, um apartamento no condomínio Hill House, em São Bernardo do Campo (Grande ABC) representa R$ 504 mil. Outra parte seria relativa a um terreno que a Odebrecht teria adquirido supostamente em benefício do ex-presidente e localizado em São Paulo, pelo valor de R$ 12 milhões.