Lula segue na liderança nas intenções de voto para 2018
lideranças de partidos disseram neste domingo (1º) que os resultados da pesquisa Datafolha sobre a corrida presidencial ajudam a entender o atual momento, mas ainda esperam mudanças no quadro nos próximos meses.
A um ano da eleição de 2018, o levantamento mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se mantém na liderança, com vantagem significativa sobre os principais adversários. O petista tem pelo menos 35% das intenções de voto nos cenários testados.
Jair Bolsonaro (PSC) e Marina Silva (Rede) empatam em segundo lugar. O deputado federal oscila entre 16% e 17% e a ex-senadora varia entre 13% e 14% nos cenários com o ex-presidente no páreo.
Para a senadora e presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), a liderança de Lula mostra que “o povo brasileiro sabe o que quer e opta por quem olha pelos pobres”.
Ela diz que telefonou para Lula neste domingo e o cumprimentou pelo desempenho. “Ele está satisfeito”, relata.
“Grande parte da população sabe que ele é vítima, o vê como vítima de perseguição da Lava Jato e de parte da mídia”, afirma Gleisi a respeito das investigações sobre o petista.
+ A um ano da eleição, PMDB é coadjuvante na campanha presidencial
O deputado federal Carlos Zarattini (SP), líder da bancada do partido na Câmara dos Deputados, concorda que o cenário é positivo para o PT, mas espera modificações até a eleição. Uma das variáveis está relacionada ao que ele considera a ausência de um candidato de centro direita.
Para ele, não apareceu um adversário competitivo que possa representar o governo atual, de Michel Temer (PMDB). O surgimento desse nome, segundo Zarattini, deve reduzir a intenção de voto em Bolsonaro.
“O [Geraldo] Alckmin em decadência, o Aécio [Neves] nem se fala, o [João] Doria é uma coisa que surgiu, mas não está colando”, diz. “O povo não esquece [Lula] e quer a volta dele.”
Segundo Gleisi, “há uma deficiência de construção de lideranças contra o Lula e também de outros projetos para o país”.
Condenado pelo juiz Sergio Moro, Lula corre o risco de ter que deixar a disputa, caso a decisão seja mantida pela segunda instância, o que também provocaria uma reorganização de forças. O partido não admite publicamente a hipótese de substituição do ex-presidente como candidato.
Presidente do PSDB no Estado de São Paulo, o deputado estadual Pedro Tobias diz que “gostaria que estivesse mais alto” o índice de intenções de voto em Alckmin, seu aliado.
O governador e o prefeito da capital, João Doria (PSDB), apresentam desempenho equivalente: têm 8% de preferência na disputa com Lula, Bolsonaro e Marina, segundo o levantamento.
“Mas a cada dia é um chumbo em cima do PSDB. Veja o caso do Aécio”, diz Tobias, referindo-se às denúncias contra o senador e ao afastamento dele do cargo.
Para o líder tucano, no entanto, o cenário deve melhorar. “O candidato nosso vai ser o Geraldo, porque o povo vota na estabilidade, na tolerância, não na loucura, no radicalismo, em Bolsonaro. Com toda a movimentação de Doria, ele esperava subir. Não deu.”
Doria tem viajado pelo país tentando aumentar seu grau de conhecimento e apostando que com isso poderá crescer nas pesquisas, mas isso até agora não aconteceu. Em entrevista à Folha neste domingo, o prefeito disse que 2018 está longe. “Sou candidato a continuar sendo prefeito de São Paulo”, afirmou.
O expressivo índice de intenções de voto em Lula, na opinião de Tobias, é algo inexplicável. “Tem que chamar alguém que faz tese de doutorado em psiquiatria para entender.”
DEMOCRACIA X DITADURA
A queda no apoio da população à democracia mostrada na pesquisa é vista como preocupante pelas lideranças partidárias.
Segundo o Datafolha, o apreço do eleitorado por essa forma de governo diminuiu nos últimos anos: 56% das pessoas concordam com a noção de que a democracia é sempre melhor do que outras formas de governo, ante 66% em dezembro de 2014.
Por outro lado, 21% dos eleitores admitem a ideia de que em certas circunstâncias uma ditadura é melhor do que um regime democrático. O índice três anos atrás era de 15%.
Na avaliação dos dirigentes, a percepção dos entrevistados se deve ao que consideram ataques aos partidos e aos políticos.
“Criminalizaram a política, que é um dos sustentáculos da democracia”, diz Gleisi. “Isso é fruto da união de posicionamentos de setores mais reacionários da sociedade com parte da mídia e a Lava Jato.”
“Hoje os políticos são linchados como bandidos”, diz Tobias. “Mas isso [defender ditadura] é fim de mundo. Se precisar andar na rua para se manifestar contra, eu sou o primeiro a ir.”
“A mídia brasileira ataca diariamente o sistema político. Nunca dá uma notícia positiva. E a Lava Jato é a maior fonte de notícias, muitas vezes com informações e delações falsas”, afirma Zarattini.