Atleta do Titan FC, Gustavo Balart trabalha como pintor para complementar a renda, ignora baixa estatura e sonha ser contratado pelo Ultimate: “Posso ser o melhor peso-mosca do mundo”
Em um primeiro momento, Gustavo Balart parece presa fácil para os adversários: ele mede 1,49m, estatura bem inferior a dos adversários, mesmo os do peso-mosca, categoria que integra no Titan FC. O cartel do cubano, radicado nos Estados Unidos, mostra que as aparências enganam e, com quatro vitórias, ele está invicto no MMA. O baixinho, cujo apelido é “Gladiador”, supera a diferença de tamanho e envergadura se agigantando durante os confrontos.
Aos 30 anos de idade, Balart sabe que foi – e ainda é, muitas vezes -, visto com desconfiança. E não está nem aí, tem confiança inabalável, conforme conta em entrevista exclusiva ao Combate.com. O atleta, natural de Santiago de Cuba, garante que o fato de ser menor o torna mais forte fisicamente.
– Eu tiro a diferença de altura com muito treinamento e disposição na hora do combate. Quase todas as pessoas, quando me veem, acham que a pouca estatura é uma desvantagem (risos). Acho que não acreditam que eu possa lutar bem. A minha altura está longe de ser uma desvantagem, na verdade, é uma grande vantagem, porque me faz mais forte do que os meus adversários – explica o atleta, amigo de Yoel Romero, peso-médio do Ultimate.
Integrante da American Top Team, em Kendall, na Flórida, Gustavo Balart garante que pode ser o melhor do mundo no peso-mosca, cujo campeão, no UFC, é Demetrious Johnson – que mede 1,60m -, invicto há 13 lutas. O cubano sonha com uma chance no Ultimate, um cliché em se tratando de MMA.
– Muitos pensam que não vou me dar bem, mas isso me dá força para demonstrar a todos que posso ser o melhor peso-mosca do mundo, mesmo sendo o lutador de MMA mais baixinho do planeta (risos). Ser campeão do Titan é uma ideia que me agrada, mas a verdadeira meta é o cinturão do UFC. É o meu sonho. Estou disposto a enfrentar e vencer todos aqueles que se colocarem entre eu e o meu objetivo. Ninguém é invencível, vai chegar a hora de Demetrious ser derrotado. Pode ser por mim ou por qualquer outro. Eu adoraria ter esse prazer de ser aquele que vai tirar a coroa do rei da divisão (risos). Eu me sinto totalmente pronto para lutar no UFC. Tenho mais de 20 anos como lutador olímpico, com resultados em nível mundial e quatro lutas profissionais de MMA. Tenho experiência o suficiente.
O esporte, de fato, está em seu DNA. O “Gladiador” tem no pai, Gustavo Balart Estrada, ex-integrante da seleção cubana de luta, sua inspiração desde o início da carreira. O peso-mosca alimenta o sonho de ser um profissional das artes marciais há anos e, após conquistar a medalha de ouro no wrestling, no Pan-Americano de Guadalajara, em 2011, e participar das Olimpíadas de Londres, no ano seguinte, decidiu migrar para o MMA.
– Eu gosto de esportes de combate desde criança, sempre quis seguir os passos do meu pai. Participo de diferentes competições nacionais de luta desde antes de fazer parte da seleção de Cuba, representando meu país em eventos como o Pan-Americano, o Mundial e os Jogos Olímpicos. Depois da Olimpíada de Londres, tomei a decisão de lutar MMA, que sempre foi a minha ideia.
Nos Estados Unidos, Gustavo Balart enfrenta um problema semelhante ao dos lutadores brasileiros: não consegue viver apenas do esporte. Ele, que já foi taxista e deu aula em academias, está empregado como pintor, trabalho conciliado com a rotina de atleta de alto rendimento.
– Levar golpe na cara não é problema, amo este esporte, gosto muito do que faço. As bolsas é que são ruins, o que éuma grande dificuldade, porque é complicado trabalhar e treinar ao mesmo tempo. A minha rotina é difícil, treino às 5h da manhã, em seguida, vou trabalhar durante o dia, para treinar de novo às 20h. Estou doido para que o UFC me contrate para que eu possa me dedicar somente ao MMA (risos). Trabalho para uma empresa. Eu pinto as casas e faço todos os preparativos necessários para pintar uma casa ou um edifício. Esse trabalho meu ajuda a pagar as contas, que são ainda mais altas nos Estados Unidos (risos) – declarou o cubano, fã dos brasileiros Anderson Silva, José Aldo, Lyoto Machida, dentre outros.