Um dia depois da condenação que pode tirar Luiz Inácio Lula da Silva da disputa eleitoral, a executiva nacional do PT aprovou uma resolução que reitera a disposição de insistir na candidatura do ex-presidente mas também defende a formação de uma “ampla e sólida aliança” com os demais partidos de esquerda. “Aprofundar o diálogo e manter a unidade com os partidos e forças sociais, buscando formar ampla e sólida aliança com todos que se coloquem de acordo com o programa de governo que estamos construindo e apresentaremos ao país”, diz o texto aprovado ontem.
Em um aceno na direção dos possíveis aliados no pleito do dia 7 de outubro, o PT decidiu “saudar e agradecer os partidos políticos, movimentos sociais, organizações e personalidades” que se uniram em torno da defesa de Lula. Na terça-feira, 23, véspera do julgamento que manteve a condenação a ampliou para 12 anos a um mês a pena de Lula por corrupção passiva e lavagem de dinheiro, integrantes de diversos partidos e movimentos que têm projetos próprios para a eleição se uniram ao PT em um ato que reuniu uma multidão no centro histórico de Porto Alegre.
No palanque estavam dois possíveis adversários de Lula, a deputada Maluela d’Ávila (PC do B) e o líder do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), Guilherme Boulos, cortejado pelo PSOL. Em tom mais brando do que as recentes manifestações oficiais do partido e suas principais lideranças, o partido fala em manter as mobilizações contra a condenação de Lula mas desvias de expressões radicais como “revolta popular” e “desobediência civil”, usadas na última resolução aprovada pelo diretório nacional do partido. O PT e seus aliados pretendem usar a oposição às reformas do governo Michem Temer como vetor de mobilizações a favor de Lula. “Lutamos para fechar a página do golpe, pela convocação de uma Assembleia Constituinte soberana que adote reformas populares e revogue as medidas que prejudicaram o povo e o país como a chamada PEC da morte, inclusive por meio de plebiscitos e referendos revogatórios”, diz a resolução.